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Pichadora teve pena de latrocida, diz ex-ministro: 'Homenageou Barroso'

Do UOL, em São Paulo

27/03/2025 14h02

O ex-ministro Marco Aurélio Mello, que atuou por 31 anos no STF (Supremo Tribunal Federal), criticou a pena de 14 anos aplicada à mulher que pichou a estátua da Justiça durante as invasões golpistas de 8 de janeiro, em entrevista ao UOL News, do Canal UOL.

Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para condenar a cabeleireira Débora Rodrigues Santos. Ela é acusada de ter praticado pelo menos cinco crimes (veja a lista abaixo). O ministro Luiz Fux, no entanto, pediu vista e o julgamento virtual foi suspenso.

Eu gostaria de ouvir e perceber a versão do ministro Fux, que está pensando em reexaminar o problema das penas exorbitantes, como é o caso dessa moça que realmente utilizou uma arma muito sensível, que é o batom. E prestou até uma homenagem ao nosso presidente [Luís Roberto Barroso]. Ela repetiu uma frase dita por ele lá em Nova York. Marco Aurélio Mello, ex-ministro do STF

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A cabeleireira foi flagrada pichando a frase "Perdeu, mané", com batom vermelho, no monumento localizado em frente à Corte durante a mobilização de bolsonaristas, em Brasília. A expressão é a mesma dita pelo ministro Barroso, em 2022, quando foi abordado por um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro enquanto caminhava em Nova York (EUA).

Mas ela foi apelada e aí se chegou a uma acumulação de práticas criminosas, não sei se de forma procedente ou não, com uma penação de 14 anos, que é pena de latrocida, de homicida, mas não de alguém que utilizou um batom para fazer um protesto. E um protesto cívico, um protesto que eu considero que é possível, sendo considerada a liberdade de expressão. Marco Aurélio Mello, ex-ministro do STF

Cabeleireira está presa não só pela pichação

Débora Rodrigues Santos está presa desde março de 2023, após a realização da Operação Lesa Pátria e segue detida no interior de São Paulo. Os investigadores confirmaram a identidade dela graças aos registros fotográficos feitos no dia. A cabeleireira é acusada pela promotoria de ter cometido pelo menos cinco crimes. São eles:

  • associação criminosa armada;
  • abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • golpe de Estado;
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
  • deterioração de patrimônio tombado.

O ministro do STF Luiz Fux pediu vista porque quer verificar as circunstâncias dos crimes atribuídos a cabeleireira, segundo apurou a colunista Raquel Landim, do UOL.

Sakamoto: Lula tenta enquadrar Tarcísio ao reforçar Bolsonaro golpista

De olho na disputa presidencial em 2026, o presidente Lula (PT) mandou um recado claro ao governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao reforçar o caráter golpista de Jair Bolsonaro (PL), revelou o colunista Leonardo Sakamoto.

Falei com dois auxiliares diretos do presidente da República e eles disseram que Lula, ao reforçar Bolsonaro golpista, está tentando enquadrar Tarcísio de olho em 2026. A fala de Lula veio após mais uma postagem de Tarcísio nas redes sociais defendendo Bolsonaro.

Dentro disso, os auxiliares de Lula ponderaram duas coisas. Primeiro, para o presidente pegou muito essa história do plano 'Punhal Verde e Amarelo', que mataria Alckmin, Moraes e ele. Ao mesmo tempo, eles destacaram que não dá para deixar Tarcísio, um potencial candidato à Presidência da República e talvez concorrente de Lula em 2026, defendendo e passando pano na tentativa de golpe de Estado e o presidente ficar quieto.

Eles falaram que Tarcísio postou nas redes sociais da mesma forma que defendeu a anistia e os golpistas do 8/1 naquele ato esvaziado do Bolsonaro em Copacabana. Os auxiliares disseram que há uma disputa pública em curso a respeito do significado do 8/1.

Após os atos golpistas, havia uma comoção grande e vontade de punição aos responsáveis. Com o tempo, isso foi passando e muita gente tenta normalizar o que houve. Há uma anistia que pode ser aprovada no Congresso Nacional e que vai gerar mais tumulto institucional. O bolsonarismo quer exatamente o caos reinando porque sai privilegiado. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Josias: Lula tira casquinha de pesadelo bolsonarista, mas deveria se cuidar

É compreensível a vontade de Lula (PT) querer tirar proveito da situação de Jair Bolsonaro (PL), mas o presidente faria um bem a si mesmo se adotasse um tom mais comedido ao se referir ao assunto, avaliou o colunista Josias de Souza.

É até compreensível que Lula queira tirar uma casquinha do pesadelo vivido pelo adversário que não perde a oportunidade de hostilizá-lo. Mas o presidente faria um favor a si mesmo se adotasse a autocontenção em relação ao Bolsonaro. O comedimento do Lula qualificaria o julgamento.

Nesse momento, preside a ação penal aberta contra Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo o ministro Cristiano Zanin, que é ex-advogado do Lula. A partir de outubro, presidirá o julgamento o ministro Flávio Dino, amigo e ex-ministro da Justiça do Lula.

Os comentários do Lula não ajudam a apressar a prisão do Bolsonaro, muito previsível a esta altura, mas alimenta o oportunismo de um bolsonarismo que explora uma hipotética falta de isenção dos magistrados do Supremo. Josias de Souza, colunista do UOL

Assista ao comentário na íntegra:

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