As brigas dentro do PSL, frequentemente noticiadas desde o começo do mandato de Bolsonaro, têm a ver com a dificuldade na relação da bancada com o governo, diz Frota. Mas o deputado também aponta outras razões para o clima de "racha" interno.
"Tem a ver com o fato de serem muitos deputados jovens e muitos deputados de primeiro mandato, como eu. Tem muitos ali com personalidade bem forte, como eu, como Joice [Hasselmann], como o delegado Valdir, o Carlos Jordy. São pessoas de opinião muito forte, e você acaba, às vezes, entrando em curto-circuito, dando choque."
Frota reconhece que, "muitas vezes, está cada um por si" no PSL, mas diz também que o partido está melhorando sua organização na Câmara. "A gente está engatinhando ali dentro. A esquerda, você tem que lembrar que o mais bobo ali tem quatro mandatos."
O deputado também tem as suas brigas dentro do partido. Ele quer que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, deixe o comando do diretório paulista do partido, cargo que assumiu na segunda.
Segundo o estatuto do partido, o filiado que faltar sem justificativa a cinco reuniões sucessivas da Executiva Estadual perde suas funções no órgão -- o que é o caso de Eduardo, afirma Frota.
Frota diz também que os deputados federais foram "preteridos" da gestão de Eduardo e que seu objetivo é "compor" --ou seja, formar uma direção com indicados pelos diversos grupos do partido.
"Eu não estou disputando controle, nem nada. Muito pelo contrário. Falei para o Eduardo: se ele fosse o presidente e deixasse o [deputado federal] Júnior Bozzella de vice-presidente, eu seria o primeiro a ir bater palma para ele no dia da posse", afirma. "Acho que era tudo o que não precisava nesse momento, entende? Não sou eu que sou o intransigente da parada."
Frota não foi à posse de Eduardo, em São Paulo. Dias antes, ele pediu à Executiva Nacional do PSL que o filho de Bolsonaro seja afastado do cargo.
Na cerimônia, o filho do presidente afirmou que "não será um ditador". "Estamos em um momento de união, para fazer um partido de direita, conservador e liberal de verdade na economia. (...) Vamos dar um cara a esse partido, muito mais Bolsonaro, muito mais de direita, muito mais conservador", disse Eduardo.