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Atividade física combate o câncer, aponta oncologista francês

Atividades físicas adequadas permitem reduzir em 50% o risco de retorno de certos cânceres - Thinkstock
Atividades físicas adequadas permitem reduzir em 50% o risco de retorno de certos cânceres Imagem: Thinkstock

Elisabeth Zingg

Em Paris

18/07/2012 09h52

Atividades físicas adequadas permitem reduzir em 50% o risco de retorno do câncer de mama, colo e próstata, segundo o oncologista Thierry Bouillet.

Fundador da CAMI (câncer, artes marciais e informação), a rede nacional francesa que utiliza os esportes no combate ao câncer, o doutor Bouillet insiste em sua mensagem: "os estudos mostram que há benefício, qualquer que seja o prognóstico".

O doutor Bouillet cita os três tipos de câncer mais sensíveis à atividade física - mama (como evidenciam 8 estudos), colo (3 estudos) e próstata (2 estudos) - mas destaca que o exercício precisa ser suficientemente intenso.

"A insulina, os estrógenos e a leptina, que são fatores de crescimento do câncer, só baixam a partir de um certo nível de intensidade", que não é o mesmo para os três tipos de câncer, disse Bouillet.

Para o câncer de mama, o limite equivale a cerca de três horas de caminhada rápida por semana, mas para colo e próstata "é o dobro".

Outra questão é que os resultados só surgem de 6 a 12 meses após o início da atividade física.

É claro que propor um programa a pacientes esgotados pelo câncer não é uma tarefa fácil. "Tivemos que buscar motivações, estruturas para dar aos pacientes o desejo de praticar um esporte", diz o doutor Bouillet, autor do livro "Esporte e Câncer".

Bouillet iniciou o CAMI em 2000, com a ajuda de Jean-Marc Descotes, ex-atleta de alto nível, para tratar da fadiga dos pacientes.

Ao prescrever atividades físicas cada vez mais variadas (dança, patinação, circo) sob a supervisão de monitores capacitados, o CAMI superou todas as expectativas. "Pedimos aos pacientes que fizessem alguns anos, mas a maioria continuou" praticando esporte.

Os pacientes pagam entre 20 e 120 euros por ano ao CAMI, que também é financiado por doações e subvenções públicas e privadas.

O CAMI defende agora a criação do primeiro curso de graduação "Esporte e câncer", na Universidade Paris 13, "já que precisamos educar os médicos, que seguem muito reativos a prescrever o esporte", diz o doutor Bouillet.

"Se apenas 30% dos pacientes com câncer praticassem um esporte, a assistência social conseguiria poupar 600 milhões de euros, apenas com medicamentos, sem contar as licenças médicas".