Topo

Pesquisadores temem pandemia de gripe na China e na Índia

11/03/2015 19h40

Pesquisadores alertaram, nesta quarta-feira (11), para os perigos da gripe aviária H7N9 na China e de uma mutação do vírus gripal A(H1N1) na Índia, que já mataram mais de 1.700 pessoas.

Caso as autoridades chinesas não consigam controlar o comércio de aves vivas, a gripe H7N9 pode se transformar numa pandemia - uma epidemia que se propaga em escala continental. O alerta foi feito por uma equipe de cientistas, em estudo publicado na revista científica Nature.

Um sinal de alarme similar foi feito na revista norte-americana Cell Host and Microbe por outros pesquisadores, que se preocupam com uma mutação do vírus gripal A(H1N1) na Índia, o que pode facilitar sua propagação.

No estudo publicado pela Nature, epidemiologistas dirigidos por Yi Guan, da universidade de Hong Kong, tentaram entender porque o vírus H7N9, uma cepa virulenta que surgiu na China em 2013 e reapareceu em 2014.

Para eles, a explicação está no comércio intenso de aves vivas no leste e no sul da China.

Surgido inicialmente nas criações de aves da província oriental de Zhejiang, o vírus se propagou nos mercados de aves vivas das províncias vizinhas entre outubro de 2013 e julho de 2014, como mostram análises feitas sobre pacientes hospitalizados na cidade de Shenzhen.

Para evitar a propagação do vírus, os pesquisadores pedem especialmente o fechamento dos mercados de aves vivas e a criação de abatedouros centralizados.

O último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), fornecido em 23 de fevereiro, trazia 571 casos de gripe H7N9 confirmados em laboratório. Destes, 212 terminaram em óbito.

Os cientistas temem, em particular, que a circulação entre animais de fazenda permita a mutação do vírus H7N9 para uma cepa muito mais letal para o ser humano.

Até o momento, a mutação não ocorreu e uma vacina permite se proteger contra a cepa atual, segundo a OMS.

No segundo estudo, os cientistas norte-americanos relatam ter analisado geneticamente o vírus gripal A(H1N1), que circula na Índia - onde já matou mais de 1.482 pessoas, segundo último balanço divulgado pelo ministério da Saúde indiano.

Trata-se de uma cepa geneticamente diferente da que estava na origem da pandemia de A(H1N1) de 2009-2010, com mutações observadas nos aminoácidos - moléculas que participam da composição das proteínas - do vírus.

Para o grupo coordenado por Ram Sasisekharan, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a questão é saber se a vacina disponível é eficaz contra esta versão modificada.

"A eficácia da vacina atual é discutível e pedidos já foram feitos para que ela seja atualizada", informa o estudo.