OMS: transmissão do coronavírus ao homem via animal intermediário é hipótese provável
A transmissão ao homem do vírus da covid-19 via um animal intermediário é uma hipótese "entre provável e muito provável", mas é "extremamente improvável" que a pandemia de coronavírus tenha sido provocado por um acidente em um laboratório, afirma um relatório da missão conjunta da OMS (Organização Mundial da Saúde) e de especialistas chineses.
A versão final do aguardado relatório, do qual a AFP obteve uma cópia, confirma as primeiras conclusões que os especialistas apresentaram em 9 de fevereiro em Wuhan, na China, quando encerraram a missão de quatro semanas.
Os especialistas se inclinam para a teoria até agora aceita de que o vírus foi transmitido de um primeiro animal, provavelmente um morcego, para o homem por meio de outro animal, que atuou como intermediário e que ainda não foi identificado.
Porém, a possibilidade de uma transmissão direta entre o animal inicial e o homem ainda é considerada entre "possível e provável" no documento.
Os especialistas não descartaram a possibilidade de que o vírus tenha chegado em carne congelada, uma ideia que Pequim defende, considerando que é algo "possível".
O relatório, portanto, confirma que os estudos devem prosseguir com base nas três hipóteses, mas descarta a ideia de que o vírus poderia ter afetado o homem após um erro ou acidente em um laboratório.
O governo do ex-presidente americano Donald Trump acusou o Instituto de Virologia de Wuhan, que pesquisa patógenos muito perigosos, de ter permitido que o coronavírus escapasse, de maneira voluntária ou involuntária.
Os especialistas afirmam que não estudaram a possibilidade de um ato deliberado deste tipo e que consideram "extremamente improvável" a hipótese de um acidente.
A missão internacional de especialistas sobre as origens do vírus, considerada crucial para lutar contra esta pandemia e contra outras no futuro, teve muitos problemas para ser concretizada devido à reticência das autoridades chinesas no momento de receber os cientistas.
Em seu texto, os especialistas consideraram também que, à luz das informações sobre certos animais "como receptores intermediários de doenças, é necessário fazer outras investigações incluindo uma área geográfica maior" na China e em outras regiões.
Os especialistas destacam ainda que os estudos no mercado de Huanan de Wuhan e em outros mercados da cidade não serviram para encontrar "elementos que confirmem a presença de animais infectados".
"Devem acontecer investigações em zonas mais amplas e em um número maior de países", conclui o documento.
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