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Vacina Soberana 02: a aposta de Cuba contra covid-19 que começa a ser testada em larga escala

Profissionais de saúde já estão sendo vacinados em Havana - Reuters
Profissionais de saúde já estão sendo vacinados em Havana Imagem: Reuters

01/04/2021 10h43Atualizada em 01/04/2021 11h16

Quase toda a população de Havana, capital de Cuba, deve ser imunizada até o fim de maio com uma vacina experimental contra a covid-19 desenvolvida no país, segundo planos do governo local.

Enquanto isso, a vacina Soberana 02, que ainda não foi totalmente certificada, já está sendo aplicada em profissionais de saúde da ilha.

O país começou neste mês a última fase de testes com duas das cinco vacinas que está desenvolvendo em seu território, batizadas de Soberana 02 e Abdala.

Como parte dos testes, as autoridades querem vacinar 1,7 milhão de habitantes de Havana (de um total de cerca de 2 milhões) até maio, de acordo com Ileana Morales, diretora de ciência e inovação tecnológica do Ministério da Saúde.

Em uma transmissão da televisão estatal, Morales afirmou que em junho será solicitado às agências sanitárias competentes o uso emergencial da Soberana 02 e da Abdala.

"Com a aprovação do uso emergencial, estaríamos a caminho de uma vacinação massiva da população", disse.

Espera-se que até agosto 6 milhões de pessoas no país tenham sido imunizadas, e que até o final do ano as vacinas cheguem a todos os 11 milhões de habitantes de Cuba.

O país está registrando entre 600 e 1.000 casos novos da covid-19 por dia, muito acima da média do ano passado, segundo a agência de notícias Reuters.

O nível mais preocupante de infecções está na capital, com 292 casos para cada 100 mil habitantes — contra 103,5 na média nacional, segundo informou a vice-ministra da Saúde, Carilda Peña.

Entretanto, desde o início da pandemia, o país contabilizou 68.250 casos e 401 mortes, uma das taxas per capita mais baixas do mundo.

"Ainda assim, o governo comunista foi criticado por não encomendar doses de outras vacinas contra o coronavírus disponíveis no mundo, como produzidas na Rússia e na China, que poderiam ter sido aplicadas em profissionais de saúde enquanto a Soberana ainda estava sendo desenvolvida."

Cuba tem um sólido histórico no desenvolvimento de vacinas, produzindo seu próprio imunizante contra a meningite B no final dos anos 80.

Dos cinco projetos cubanos de imunizantes contra a covid-19, a Soberana 02 parece estar na dianteira. Ela soma a toxina do tétano à proteína com a qual o vírus invade as células humanas, em uma dosagem segura para que não cause uma infecção real.

Assim, quando o vírus tenta entrar na célula, a toxina conjugada gera uma reação do sistema de defesa do corpo que acaba por impedir a infecção.

Outros países da América Latina, especialmente Venezuela, México e Jamaica, já demonstraram interesse em adquirir as vacinas que estão sendo desenvolvidas em Cuba.