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Crise na USP: vistoria detecta falta de médicos e surto de infecção no HU

Funcionários e médicos do Hospital Universitário entraram em greve no final de maio - Hélio Torchi/Sigma Press/Estadão Conteúdo
Funcionários e médicos do Hospital Universitário entraram em greve no final de maio Imagem: Hélio Torchi/Sigma Press/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

30/06/2016 11h52

Pacientes atendidos de forma precária, falta de médicos e um surto de infecção em recém-nascidos foram alguns dos problemas encontrados no Hospital Universitário (HU) da USP por fiscais do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) durante vistorias realizadas no mês passado. Para o conselho, a situação da unidade é "crítica".

Prejudicado pela crise financeira da universidade, o HU vem perdendo trabalhadores e interrompendo serviços desde 2014.

O pronto-socorro infantil foi desativado no período noturno. Também foram fechados os setores de otorrinolaringologia e oftalmologia, segundo o Cremesp. A crise fez os funcionários da unidade entrarem em greve há um mês. De acordo com o conselho, entre abril de 2015 e maio de 2016, houve redução de 20% no número de leitos do hospital, localizado na Cidade Universitária, Butantã (zona oeste).

Na vistoria do último mês, o Departamento de Fiscalização do Cremesp encontrou 26 pacientes acomodados em macas. Também foi constatado que o número de médicos presentes no dia da visita era insuficiente para prestar o atendimento adequado aos doentes. Pelo menos 40 desses profissionais foram desligados do hospital desde janeiro de 2014, segundo a fiscalização do conselho.

As gestantes da região foram um dos grupos mais afetados pela situação na unidade. O número de partos e de atendimentos de pré-natal caiu 27% e 50%, respectivamente. Os berçários estão lotados e faltam vagas para grávidas. O surto da bactéria Enterobacter aerogenes prejudicou ainda mais o setor, que teve serviços fechados. Segundo o conselho, não houve registro de mortes decorrentes do surto.

Prejuízo

Para Mauro Aranha, presidente do Cremesp, os resultados da fiscalização comprovam a grave crise pela qual o hospital passa e como o hospital vem funcionando muito aquém da sua capacidade.

"O hospital é de atendimento secundário, ou seja, quando a doença se agrava, o paciente é mandado para lá. E é o único do tipo na região. Se ele está funcionando dessa forma restrita, a população vai ter um prejuízo", afirmou Aranha. "O Cremesp está em contato com o Ministério Público para discutir o tema e quer que haja um esforço governamental para fazer o hospital voltar a funcionar em sua plenitude", completou.

Questionada sobre os problemas encontrados pelo Cremesp no HU, a assessoria de imprensa da Universidade de São Paulo afirmou que não se manifestaria a respeito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.