Brasileiro relata que mulher e filha estão 'presas' em Wuhan por causa do coronavírus
Pablo Lassalle, de 44 anos, despediu-se da mulher e da filha em outubro do ano passado e imaginava que voltaria a vê-las no último domingo, 26 de janeiro. Não aconteceu. A mulher, Zhang Hui, de 33 anos, e Isabela, de um ano e meio, partiram do Brasil com destino a Wuhan, na China, para que a menina, brasileira, conhecesse os parentes chineses. Acabaram "presas" na cidade, que se tornou o epicentro do coronavírus.
Na semana passada, Wuhan fechou o aeroporto e suspendeu meios de transporte, como ônibus e o metrô. Zhang Hui e Isabela acabaram perdendo a viagem de volta ao Brasil. Hoje, estão isoladas no 18º andar de uma torre de 32 andares de Wuhan, e só saem, de máscara, para ver uma tia de Zhang, que mora do outro lado da rua. "Minha filha e minha esposa estão presas em Wuhan", disse Lassalle, que mora em Palhoça (SC) e trabalha com computação gráfica.
Ele viveu por sete anos em Wuhan, onde conheceu a mulher, de nacionalidade chinesa. De volta ao Brasil, nasceu Isabela. "Um amigo até me falou: 'Tira elas de lá porque a coisa está bem feia.'" Não deu tempo. Quando viu as informações de que o aeroporto seria fechado, diz, foi "como se tudo estivesse desmoronando". Estima-se que 5 milhões - dos 11 milhões de habitantes de Wuhan - tenham deixado a cidade chinesa antes da restrição.
Segundo Lassalle, mãe e filha estão bem. "A recomendação número 1 é não sair de casa." Ele teme que a situação se agrave. "Não quero nem pensar, fico imaginando pessoas infectadas, vai ficar um caos", diz. "Estamos surpresos e estou aqui agoniado. As pessoas não vão ficar bem. E, de alguma forma, minha família também não está segura."
Segundo a mulher contou a Lassalle, o clima em Wuhan é de estresse. E não há informações sobre o fim da quarentena. Em vídeo gravado ontem, Zhang diz que estão ansiosos. "Nos sentimos nervosos de não poder voltar ao Brasil, como morando em uma prisão."
Lassalle agora tenta se conectar com outros brasileiros "presos" na cidade. A Embaixada do Brasil em Pequim estima haver 70 brasileiros na província de Hubei, onde fica Wuhan. Ele pleiteia que o Brasil providencie o transporte de seus cidadãos. Estados Unidos e outros países já se articulam para retirar seus cidadãos de Wuhan.
Apoio
O Ministério das Relações Exteriores disse que embaixada e consulados acompanham desdobramentos para prestar apoio e que a China mantém comunicação com representantes diplomáticos e consulares e, "até o momento, não considera organizar a retirada de estrangeiros das áreas já em situação de isolamento". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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