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Fiocruz: covid-19 cresce no Brasil no início de 2022, com média de 49 mil casos por dia

Foram, em média, 49 mil novos registros por dia, número seis vezes maior ao observado no início de dezembro - iStock
Foram, em média, 49 mil novos registros por dia, número seis vezes maior ao observado no início de dezembro Imagem: iStock

Roberta Jansen

No Rio

20/01/2022 09h40

Os primeiros quinze dias do ano registraram um aumento significativo no número de casos de covid-19 no Brasil, segundo novo Boletim do Observatório Covid 19 da Fiocruz. De acordo com o levantamento, foram, em média, 49 mil novos registros por dia. Esse número equivale a seis vezes o observado no início de dezembro do ano passado, cerca de oito mil. O aumento de mortes, porém, não acompanhou o crescimento dos casos e permaneceu reduzido.

Mesmo considerando que parte dos novos casos se refere a registros retidos nos sistemas SUS-Notifica e Sivep-Gripe, por conta do ataque hacker ao Ministério da Saúde, o predomínio da variante ômicron mostra uma evidente tendência de aumento da transmissão da doença, segundo a Fiocruz. Esse movimento acelerado do número de casos já havia sido observado na Europa e, mais recentemente, na Argentina e no Uruguai.

Em média, foram registrados, no Brasil, 130 óbitos diários nas duas primeiras semanas epidemiológicas de 2022 (de 2 a 15 de janeiro). É um ligeiro aumento em relação ao início de dezembro de 2021. A redução da gravidade dos casos, segundo os especialistas do observatório, está diretamente relacionada à alta cobertura vacinal. Em países onde a cobertura ainda é baixa, a letalidade alta está mantida.

UTIs

A ocupação dos leitos de UTI para covid-19 também aumentou nas últimas semanas. Cinco Unidades da Federação ingressaram na zona de alerta intermediário de ocupação (com taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%). Somaram-se às outras seis que já se encontravam nessa faixa. Outros quatro estados estão na zona de alerta crítico, com ocupação superior a 80%. São eles: Pernambuco (86%), Espírito Santo (80%), Mato Grosso (84%) e Goiás (81%).

Entre as capitais com taxas divulgadas, Fortaleza (85%), Recife (80%), Belo Horizonte (88%), Rio de Janeiro (95%) e Cuiabá (100%) estão na zona de alerta crítico. Porto Velho (66%), Manaus (77%), Boa Vista (60%), Palmas (69%), São Luís (68%), Teresina (66%), Salvador (65%), Vitória (78%), Curitiba (61%), Campo Grande (77%), Goiânia (77%) e Brasília (74%) estão na zona de alerta intermediário.

Os pesquisadores ressaltam que a análise desses números é complexa, uma vez que, muitos estados e/ou municípios abriram e fecharam leitos para covid-19 durante o período.

Outro indício importante do recrudescimento da pandemia é a tendência de crescimento significativo da incidência de casos de SRAG (Síndromes Respiratórias Agudas Graves) em todos os estados, com exceção de Roraima e Rio de Janeiro, onde há estabilidade. Com estimativas excedendo um caso por 100 mil habitantes, em todos os Estados, as taxas de SRAG são consideradas altas. Em São Paulo e Minas Gerais as taxas estão próximas de 10 casos por 100 mil habitantes (9,6 e 8,8 casos por 100 mil habitantes, respectivamente).

Jovens

Na visão dos cientistas do observatório, a distribuição dos casos de internação e morte nos grupos etários também preocupa, já que desde dezembro de 2021 houve uma mudança de perfil. Tanto para internações quanto para óbitos destaca-se a maior presença de pessoas mais jovens. Em especial para internações, é notável a participação de crianças com até 2 anos.

"Para as internações em UTI parece haver uma nova forma de distribuição, em que adultos mais jovens e idosos menos longevos passam a compartilhar o perfil que mais requer cuidados intensivos. As próximas semanas poderão alterar a dinâmica das internações por Covid-19 no país", sustenta o relatório.