Associação de médicos repudia anúncio de Dilma sobre vinda de estrangeiros
A Associação Paulista de Medicina divulgou comunicado, nesta segunda-feira (24), para informar que repudia a intenção anunciada pela presidente Dilma Roussef, na sexta-feira (21) em cadeia nacional de rádio e televisão, de trazer de imediato ao Brasil milhares de médicos do exterior.
Segundo a entidade, a presidente fez da classe médica um bode expiatório para responder à insatisfação dos brasileiros, manifestada nos últimos protestos em todo o país.
Para a APM, o plano do Executivo Federal representa alto risco aos pacientes, já que sinaliza que os médicos estrangeiros não terão que se submeter à revalidação de diploma.
"É falaciosa a argumentação de que, assim, seria solucionado o problema da falta de profissionais de medicina nas periferias e em cidades do interior, particularmente, nas regiões remotas", diz a APM, lembrando que as fronteiras do país sempre estiveram abertas a médicos de diferentes países, desde que esses passem pela avaliação.
"Para ter ideia do risco a que a população será exposta, no ano passado, o exame registrou alto índice de reprovação, em torno de 90%. Desta forma, fica evidenciado que os cidadãos serão assistidos por profissionais não habilitados o suficiente e, consequentemente, ficarão sujeitos a erros médicos", diz o comunicado.
"Colocar médicos em regiões sem hospitais, sem estrutura, sem medicamentos, sem outros profissionais de saúde, é demagogia semelhante a tentar acabar com a fome interiorizando cozinheiros para locais onde não há comida", compara a entidade.
A associação afirma que mesmo grandes centros urbanos, que têm entre 3 e 4 médicos por 1.000 habitantes, até hoje não conseguiram solucionar problemas de atendimento nas periferias. O que falta, segundo a APM, são políticas públicas para interiorização, além de um plano de adequada distribuição geográfica.
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