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Mesmo necessário para vitamina D, sol deve ser evitado no verão

A exposição ao sol deve ser evitada no verão, quando a incidência de raios ultravioletas está mais alta - Thinkstock
A exposição ao sol deve ser evitada no verão, quando a incidência de raios ultravioletas está mais alta Imagem: Thinkstock

Isabela Noronha

Do UOL, em São Paulo

18/01/2014 07h00

Sem dar trégua nestes primeiros meses do ano, o sol é muitas vezes chamado de vilão. Com razão: os raios ultravioletas emitidos por ele causam queimaduras, envelhecimento e até câncer de pele – essa doença pode levar à morte e, segundo o Instituto Nacional do Cancer (INCA), é o tipo de câncer mais frequente no país. Porém, quando não tomamos sol, não produzimos vitamina D, uma substância dificilmente encontrada em alimentos, essencial para a saúde dos ossos: sem ela, eles ficam mais frágeis e aumenta o risco de fraturas e doenças como artrite reumatoide, artrose e osteoporose.

Assim, nem sempre há consenso entre os especialistas quanto ao banho de sol. Para a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), a exposição aos raios solares deve ser evitada, principalmente no verão. “Nessa época, o índice ultravioleta é maior e, por causa do calor, usamos roupas curtas, deixando o corpo mais descoberto”, diz a dermatologista Flávia Ravelli, membro da SBD. De acordo com a entidade, nos primeiros meses do ano, boa parte do território brasileiro recebe radiação solar em um ângulo próximo a 90 graus em relação ao horizonte, o que coloca o Brasil como um dos países com maior insolação do mundo.


Em novembro de 2013, a SBD publicou o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, um documento que dá orientações sobre a exposição ao sol. Nele, recomenda-se o uso diário de filtro solar de no mínimo fator 30 em relação aos raios UVB e que contenha também proteção UVA. O produto deve ser aplicado pelo menos 15 minutos antes de sair de casa, e reaplicado a cada duas horas.

 

Para alguns médicos, mesmo com o filtro uma pessoa recebe naturalmente a quantidade de raios necessária para produzir vitamina D. “Esse sol você toma mesmo sem querer, ao sair na rua, por exemplo”, diz o dermatologista Murilo Drummond, professor titular do Instituto de Pós-graduação Médica Carlos Chagas (RJ). “E é importante lembrar: o filtro não impede 100%, apenas diminui o contato com os raios solares”, completa.

Exposição moderada

Muitos endocrinologistas, porém, defendem uma exposição curta e sem filtro, ao menos três vezes por semana, nos braços ou nas pernas. “Dependemos do sol para fazer vitamina D suficiente”, afirma Marise Lazaretti Castro, chefe do setor de doenças metabólicas da Unifesp e membro da diretoria da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). A exceção, de acordo com a médica, são pessoas de pele muito clara, que têm grande quantidade de pintas e não conseguem ou demoram para se bronzear. “Essas pessoas devem evitar o sol e podem tomar vitamina D via oral”, diz Marise Lazaretti. De acordo com ela, é importante buscar a orientação de um médico para saber que dosagem de vitamina D tomar, pois isso varia conforme a idade da pessoa e tipo de pele.

Os idosos também devem optar pelo suplemento vitamínico. “A pele envelhecida tem mais dificuldade de produzir essa substância”, afirma Marise. Tomando o reforço via oral, pessoas com mais de 65 anos driblam a necessidade de uma maior exposição ao sol para produzir a vitamina D.

No início do ano passado, a SBEM enviou um ofício ao Ministério da Saúde pedindo a inclusão da vitamina D na lista de medicamentos fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com a entidade, valores inadequados da vitamina foram encontrados em 85% dos idosos e em cerca de 50% da população de jovens saudáveis da capital paulista.

“Mas fornecer esse tipo de medicamento a toda a população seria impossível”, alerta Marise. A recomendação aos que não têm acesso ao suplemento é pegar, em média, 10 minutos de sol forte, mas fora dos horários de pico.

Em um ponto os especialistas concordam: a produção da vitamina D não justifica uma exposição prolongada e sem protetor, ainda mais nos horários em que o sol é mais quente. Ficar esticado na areia por qualquer período de tempo entre 10 e 15 horas ou entre 9 e 15 horas (no Nordeste) sem tomar os devidos cuidados é colocar a saúde em risco.