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Afogamento seco ou secundário? Entenda o que matou menino de 4 anos nos EUA

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Imagem: Reprodução

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL

14/06/2017 11h16

A morte de uma criança de 4 anos nos Estados Unidos está chamando a atenção de pais e médicos pelo mundo. O pequeno Francisco Delgado morreu por afogamento, cinco dias depois de ter engolido água enquanto nadava em uma represa no Texas. Começou-se a falar em afogamento seco ou secundário, quando a água aspirada se estabelece nos pulmões, o que deixou muitos pais em alerta. Mas não é bem assim. O termo “seco”, por exemplo, foi descartado pela medicina em 2002 no I Congresso Mundial Sobre Afogamentos, assim como o “quase afogamento”.

“Afogamento é a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão”, explica Cláudio Soriano, intensivista pediátrico e neonatal e membro da ONG Criança Segura. “Embora os dados sejam insuficientes, este caso aponta para uma evolução natural de um afogamento que foi subestimado e se tornou uma síndrome do desconforto respiratório, que seria basicamente o afogamento secundário.”

“O que causa a morte é a falta de oxigênio no cérebro, seja hipóxia, redução do fornecimento de oxigênio, ou anóxia, total falta de oxigênio”, explica o pneumologista João Paulo Becker. “Do afogamento, ou é resgatado ou não sobrevive. O que aconteceu nesse caso mostra uma complicação.”

Os pais relataram à imprensa norte-americana que Frankie, como era conhecido, teve dores no estômago, diarreia e tosse, mas estava melhor. “Quando a criança se afoga, é resgatada e está tossindo é um sinal, tem de levar para o médico”, afirma Soriano. “Se há barulho de secreção, tem de ir para a emergência.”

Soriano diz que não há motivo para alarde entre os pais, mas que é preciso prestar atenção nas crianças e “não subestimar os sintomas”.

A pediatra Mércia Lamenha concorda. “Muitas vezes há um descaso com a infância, os pais ignoram sintomas que não poderiam”, afirma a médica. “A partir dos dois anos, o que mais causa morte de crianças são fatores externos.”

“Não é uma questão de culpa, mas tem de prestar atenção”, aconselha Soriano. “Não é que ‘tava bem e ficou ruim de repente’, sempre há sintomas que possam indicar se a criança está sob risco ou não.”