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SP e RJ antecipam fracionamento da vacina da febre amarela para 25/01

Do UOL, em São Paulo

18/01/2018 15h58

Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro anteciparam o início da campanha estadual de vacinação contra febre amarela. Agora, o fracionamento da vacina terá início no dia 25 de janeiro.

Em São Paulo, 54 municípios participarão da campanha, com previsão de vacinar 8,3 milhões de pessoas, sendo 6,3 milhões com a dose fracionada e 2 milhões com a padrão. Já no Rio de Janeiro, 7,7 milhões de pessoas deverão receber a dose fracionada e 2,4 milhões a padrão, em 15 municípios.

No próximo dia 27 de janeiro, a partir das 9h, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro realizará o "Dia D" de vacinação contra a febre amarela. Todos os 92 municípios do Estado vão participar da campanha.

Em São Paulo, os postos de saúde abrirão excepcionalmente em dois sábados (3 e 17 de fevereiro) para alcançar um maior número de pessoas. 

Até o momento, a campanha de vacinação no Estado da Bahia permanece na data prevista (entre 19 de fevereiro e 9 de março). Na Bahia, 2,5 milhões de pessoas serão vacinadas com a dose fracionada e 813 mil com a dose padrão em oito municípios.

A nova mudança ocorreu após a desenfreada corrida pela vacina nos Estados. Postos de saúde têm reunido filas de até oito horas de espera após o aumento no número de casos e de óbitos nessa nova onda de febre amarela. Desde julho de 2017, segundo o Ministério da Saúde, foram confirmados 35 casos da doença com 20 mortos [11 mortes em São Paulo, 7 em Minas Gerais, 1 no Rio de Janeiro e 1 no Distrito Federal]. 

"Muitas pessoas que não têm indicação da vacina estão procurando os postos", contou o secretário de Saúde de São Paulo, David Uip.

Pessoas idosas, que já foram vacinadas, buscam os pontos de vacinação na esperança de ter uma proteção "reforçada". Um erro, alertam os especialistas em saúde pública. Além de não aumentar a proteção, a aplicação da vacina de forma repetida, em um curto espaço de tempo, aumenta o risco de reações adversas.

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Os que enfrentam as filas buscam, ainda, evitar a vacina fracionada, com receio de que ela tenha uma proteção reduzida quando comparada à vacina integral. Mas estudos mostram que a dose fracionada tem o mesmo efeito protetor. O que varia é o tempo dessa proteção.

Além de um risco desnecessário e da perda de tempo numa fila, a aplicação de vacinas em doses integrais para pessoas que não têm risco de contrair a doença desorganiza o plano de uso dos estoques do imunizante. 

Como funciona a vacina fracionada

No fracionamento da vacina da febre amarela, a mesma vacina é utilizada, só que em dose menor. A diferença está no volume e no tempo de proteção. A dose padrão possui 0,5 ml e protege por toda a vida, enquanto a dose fracionada tem 0,1 ml e protege por oito anos, segundo estudos realizados pelo Instituto Biomanguinhos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), fabricante da vacina.

A estratégia de fracionamento da vacina é recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) quando há aumento de casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional e que não tinham recomendação para vacinação anteriormente. 

O prazo de proteção da vacina fracionada foi determinado por meio de um estudo, feito com voluntários. O trabalho demonstrou que, 8 anos depois da aplicação da dose reduzida, voluntários continuavam protegidos contra a doença. Para os pesquisadores, esse prazo pode ser maior. Isso será determinado no futuro, com o acompanhamento dos pacientes. 

Quem deve tomar a dose fracionada?

A vacinação fracionada é recomendada para pessoas a partir dos dois anos de idade. Mas não é indicada para crianças de 9 meses a dois anos, para pessoas com condições clínicas especiais (como vivendo com HIV ou em período final de quimioterapia, por exemplo) e gestantes.

Viajantes internacionais, que devem apresentar comprovante de viagem no ato da vacinação, também precisam tomar a dose integral. Durante a campanha de vacinação, todos esses públicos receberão a dose normal.

A vacina contra a febre amarela é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo. A vacinação contra febre amarela impede a doação de sangue por um período de quatro semanas. (*Com informação do Estadão Conteúdo