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Tênis na areia é coisa de turista? Casal mostra estrago de bicho geográfico

Casal Eddie Zytner e Katie Stephens tiveram que usar muletas após viagem a Punta Cana  - Reprodução/Facebook
Casal Eddie Zytner e Katie Stephens tiveram que usar muletas após viagem a Punta Cana Imagem: Reprodução/Facebook

Renan Prates

Colaboração para o UOL

30/01/2018 12h25

Eddie Zytner, 25, viajou com a sua namorada Katie Stephens, 22, do Canadá para a República Dominicana. O que era para ser um período de descanso para o casal em férias no Caribe se transformou em problemas após a volta para casa. No último dia 18, eles começaram a sentir coceira e dores nos pés. O incômodo logo se transformou em bolhas e inchaço. Um exemplo de que tênis na areia pode ser muito mais que só coisa de turista...

Segundo Zynter, em quatro dias, ele e sua namorada tiveram que procurar um médico em Ontário. A dor era tão intensa que eles não conseguiam usar meias ou sapatos e só andavam com muletas. “Estávamos coçando nossos dedos por quase toda a viagem”, disse o homem para a rede de TV "CNN".

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Após várias visitas no hospital, o casal foi diagnosticado com a doença migrans cutânea, causada por larvas ancilostomíases que provavelmente entraram na pele enquanto eles andavam descalços pelas praias de Punta Cana.

Ao UOL, o médico Alberto Cordeiro, dermatologista especialista em Cosmiatria, explica que a larva migrans cutânea é o nome científico do bicho geográfico: “É uma doença causada por um parasita, o helminto, que invade a pele e acaba causando essa doença”. E se o bicho geográfico é conhecido do brasileiro, o exemplo deste casal canadense faz lembrar que é melhor não descuidar neste verão. Basta ver abaixo o dano que o bichinho causou.

“A pessoa pode pegar na praia porque geralmente essa larva, esse helminto, vive no intestino de cães e gatos. Então eles podem fazer cocô, evacuar na areia. No intestino pode existir o ovo desse helminto, que é um parasita. Assim que o cachorro evacua, esse ovo eclode e dá origem a uma larva, que pode infectar a pele humana", ressalta o médico.

Cordeiro explica que andar descalço na areia da praia pode ter sido decisivo para o casal ter sido infectado. "Essa pessoa está andando descalça e pisa na larva, que pode penetrar pela pele, causando uma tunelização, que é a formação de um túnel. Então por isso que ele tem o nome de larva migrans, pois a sensação é que ela vai migrando pela pele, e essa larva vai formando um túnel”, complementou o médico.

Eddie Zytner usou o Facebook para fazer o alerta. “Para quem viaja em algum lugar tropical, por favor tenha cuidado quando na areia e usar sapatos! O meu namorado e eu recentemente voltamos de Punta Cana e descobrimos que ambos temos larvas migrans. Em outros termos, são vermes nos nossos pés”, desabafou Katie em seu Facebook. O jovem ainda postou uma foto na rede social em que mostra uma "pista tortuosa vermelha" no seu pé esquerdo. 

“Se os teus pés coçarem incrivelmente, por favor, saia do local já. Pensamos que eram apenas picadas de insetos, que se tornou pior quando a cada dia foi passando", completou o jovem.]

De acordo com médico Alberto Cordeiro, a doença não é grave e há cura sem nenhuma complicação, desde que o tratamento seja seguido de forma adequada pelo paciente. O remédio usado para casos de bicho geográfico é o ivermectina, um comprimido tomado uma vez a cada 15 dias, até as larvas serem eliminadas.

"As consequências do bicho geográfico são locais, então pode haver bolhas no local, pode ter uma infecção de pele, que é chamada de celulite. Pode até evoluir com uma erisipela no local, que é uma inflamação ou infecção de tecido subcutâneo. Morte só se for o caso de um paciente imunossuprimido, por exemplo um paciente HIV positivo que não tem imunidade e que faça uma infecção secundária em cima do bicho geográfico e morra por uma infecção generalizada, mas tem que ser um paciente imunossuprimido”, ressalta o dermatologista.