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Com dores, mulher descobre esponjas cirúrgicas dentro da barriga há 6 anos

Tomografia mostra duas massas com estruturas fibrosas dentro do abdômen da paciente - Divulgação/The New England Journal of Medicine
Tomografia mostra duas massas com estruturas fibrosas dentro do abdômen da paciente Imagem: Divulgação/The New England Journal of Medicine

Colaboração para o UOL

22/02/2018 11h56

Duas esponjas cirúrgicas foram deixadas no abdômen de uma mulher por pelo menos seis anos. O caso aconteceu no Japão e foi reportado em um estudo da revista científica The New England  Journal of Medicine. A paciente passou por cirurgia para retirada dos objetos e passa bem.

Ainda de acordo com o relatório, a mulher de 42 anos, cujo nome não foi revelado, foi internada em um hospital do Japão. A equipe médica começou a investigar um quadro de dor e inchaço, que já durava três anos.

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Uma tomografia computadorizada de seu abdômen mostrou duas massas com uma espécie de corda presa a elas. A realização de uma laparotomia (procedimento cirúrgico para abrir a cavidade abdominal) confirmou a presença de duas esponjas de gaze que se aderiram ao omento (uma dobra de tecido que conecta o estômago a outras estruturas abdominais) e ao cólon da paciente.

Os autores do relatório concluíram que as esponjas, provavelmente, ficaram no corpo da mulher após a realização de uma cesariana. A mulher tinha realizado duas cirurgias - uma há seis anos e outra há nove anos. O estudo, porém, não deixa claro em qual destas operações houve o erro médico.

Takeshi Kondo, especialista em medicina geral do Hospital da Universidade de Chiba e principal autor do relatório, informou que a mulher não teve nenhuma outra cirurgia abdominal ou pélvica no mesmo período.

"A paciente passou por duas cesáreas na mesma clínica ginecológica", disse Kondo para a rede de TV norte-americana "CNN". "Embora ela conhecesse o cirurgião e tivesse o avisado sobre os corpos estranhos retidos, o cirurgião não admitiu seu erro devido à falta de provas claras".

Após a remoção das esponjas, a paciente deixou de ter dores. Ela recebeu alta do hospital cinco dias depois.

“Muitos, mas não todos, hospitais e clínicas japonesas realizam imagens do abdômen antes de fechar uma ferida cirúrgica para garantir que nenhum item seja deixado dentro do paciente”, alertou Kondo.

O erro descrito pelo relatório está longe de ser uma realidade apenas dos japoneses. Nos Estados Unidos, cerca de uma dúzia de esponjas e outros instrumentos cirúrgicos são deixados dentro dos corpos dos pacientes todos os dias, resultando em cerca de 4.500 a 6.000 casos por ano, de acordo com a revista científica American Society of Anesthesiologists.

O que atrapalha nos Estados Unidos é que não existem relatórios para casos como itens retidos ou esquecidos em pacientes, o que dificulta a contagem precisa de erros deste tipo.

Um estudo de 2003 da The New England Journal of Medicine, no entanto, informou que aproximadamente 70% dos itens deixados no corpo dos pacientes são esponjas, e 30% são instrumentos cirúrgicos, como grampos e retratores.

Estes últimos objetos, conhecidos como itens cirúrgicos retidos, podem causar dor localizada, desconforto e inchaço. Em alguns casos, tais corpos estranhos podem levar à sepse e à morte.