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Aberta há um mês, emergência de hospital no RJ fechará por falta de médico

José Lucena/Futurapress/Estadão Conteúdo
Imagem: José Lucena/Futurapress/Estadão Conteúdo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2018 10h12

Inaugurada há menos de um mês, a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte da cidade, fechará as portas de maneira parcial a partir deste sábado (24) devido a ausência de médicos na unidade. De acordo com o presidente do Cremerj, Nelson Nahon, uma vistoria no local mostrou um único médico atendendo 67 pacientes no hospital. De acordo com ele, faltam 161 profissionais na emergência recém-inaugurada.

“Será fechada no sábado até que ocorram as contratações necessárias para a unidade funcionar. Essa é uma decisão do corpo clínico apoiada pelo Cremerj. Inauguraram uma emergência de dar inveja, mas sem equipe. Já comunicamos ao Ministério da Saúde”, disse o presidente do Cremerj na manhã desta quinta-feira (22).

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“Quem chegar de forma espontânea vai passar por uma triagem e dependendo do caso será encaminhado para outro hospital, ou em caso grave, será atendido”, afirmou o médico.

Nahon esclareceu ainda que os pacientes internados continuarão a receber tratamento, mas que o Corpo de Bombeiros, por exemplo, não poderá encaminhar pacientes à unidade.

Inaugurada em 28 de fevereiro

A nova emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) foi inaugurada no dia 28 de fevereiro. A unidade passou sete anos atendendo casos de emergência em contêineres que custaram R$ 25 milhões aos cofres públicos.

A nova emergência, apesar de contar com 3.500 metros quadrados, tem apenas três clínicos, dois ortopedistas, dois cirurgiões, uma pediatra e um neurologista – a mesma equipe que atuava nos 260 metros quadrados dos três contêineres, onde eram realizados os atendimentos.

De acordo com levantamento realizado pela direção do hospital, é necessário contratar 161 profissionais, entre médicos, enfermeiros e pessoal administrativo, para que o novo setor funcione em sua capacidade máxima, atendendo cem pessoas por dia.

Em fevereiro, a Defensoria Pública da União chegou a anuncia medidas judiciais por conta da falta de médicos no hospital. 

Na época, o defensor público federal Daniel Macedo afirmou que a emergência da unidade hospitalar dispunha de 40 médicos apenas.

"A situação é gravíssima, porque o governo federal criou a segunda maior emergência do estado, gastou na obra e em equipamentos R$ 21 milhões e não municiou essa emergência com pessoal". Não é realizado concurso público para esses profissionais desde 2010, informou.

Outro lado

Procurado, o Ministério da Saúde no Rio de Janeiro informou que a direção do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) contratou, nesta semana, em caráter emergencial, para trabalhar no Setor de Emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), quatro novos clínicos, três cirurgiões e um pediatra. Além disso, já foram convocados para assinatura de contrato outros quatro clínicos, 12 enfermeiros, seis auxiliares de enfermagem, quatro fisioterapeutas e um técnico de patologia.