Governo diz que 92% das vagas do Mais Médicos foram preenchidas em 3 dias
O Ministério da Saúde afirmou nesta sexta-feira (23) que 92% das 8.517 vagas oferecidas no edital do programa Mais Médicos já foram preenchidas em três dias de inscrição. Segundo a pasta, 7.154 profissionais já completaram o cadastro no site e escolheram o município em que vão atuar.
Balanço do ministério também diz que, ao todo, houve 25.901 inscrições feitas pelo site, mas muitos profissionais ainda não escolheram o local em que pretendem atuar. Desse total, 17.519 foram efetivadas e 7.871 profissionais já estão alocados no município para atuação imediata.
Ainda segundo a pasta, os médicos deverão se apresentar aos municípios até dia 14 de dezembro, e até o momento 27 médicos já se apresentaram nas unidades básicas de saúde.
Veja também:
- Mais de 500 cidades em extrema pobreza têm apenas médico cubano
- Até agora, vagas nunca foram preenchidas só com brasileiros
“Com a alta procura e a apresentação imediata do médico ao município, a expectativa é de suprir a ausência do médico cubano com o médico com CRM o mais rápido possível”, afirmou o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, em nota.
O edital exige que o médico seja formado no Brasil ou tenha tido o diploma revalidado pelo Ministério da Educação, caso tenha se graduado no exterior.
Na última semana, Cuba anunciou rompimento do convênio com o governo brasileiro, rejeitando críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro à parceria como motivo.
O Brasil tem registrados mais de 450 mil médicos, segundo o Conselho Federal de Medicina, mas encontra dificuldades para levar profissionais ao interior do país e às periferias das grandes cidades.
Editais anteriores não preencheram todas as vagas
O Ministério da Saúde não conseguiu preencher todas as vagas do Mais Médicos que ofereceu em editais anteriores para médicos com registro no Brasil. No último edital, de dezembro de 2017, 99% das vagas ofertadas foram preenchidas. O número de inscritos na ocasião foi de 8.042 médicos. Contudo, a quantidade de vagas era bem menor: de 983 postos disponíveis, 977 receberam profissionais selecionados.
A dificuldade para preencher vagas do Mais Médicos com brasileiros com registro no país já foi bem maior. Em edital de abril de 2017, foram oferecidas 2.394 vagas. Dessas, sobraram 1.410 vagas, mais da metade (58,9%), que foram então oferecidas para 1.985 médicos brasileiros com diplomas obtidos fora do país que tiveram a inscrição validada. No fim do processo, foram recepcionados 1.375 profissionais brasileiros formados no exterior e 610 vagas ficaram sem serem preenchidas.
Em cinco anos de programa, nenhum edital de contratação de médicos brasileiros conseguiu contratar quantidade suficiente de profissionais para as vagas abertas. O maior edital resultou na contratação de 3 mil brasileiros. As vagas não preenchidas por esses profissionais eram ofertadas a médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior ou ocupados por médicos cubanos. Esses profissionais não precisavam validar o diploma para atuar no Brasil.
Atualmente, o programa soma 18.240 vagas, sendo que cerca de 2.000 estão abertas, sem médicos. Brasileiros formados no Brasil ou com o diploma revalidado no país ocupam 4.525 vagas (o equivalente a 28% do total). O programa possui ainda 2.842 brasileiros formados fora do país (17,6% do total) e 451 médicos estrangeiros formados no exterior (2,8% do total). Os médicos cubanos, que deixaram o programa, ocupavam 8.332 vagas (45,6%).
"Nunca conseguimos que, só com médicos brasileiros, fosse possível completar as vagas", afirmou o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, um dos idealizadores do Mais Médicos, em entrevista à Deutsche Welle.
Cubanos deixam mais de 8 mil vagas
Os quase 8.400 profissionais cubanos que atendem o Mais Médicos começaram a deixar o Brasil. Cuba anunciou a saída do programa após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), crítico da cooperação do Brasil com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e com o governo de Cuba. O presidente eleito afirmou em diferentes ocasiões que aceitaria a continuidade da parceria com Cuba caso os cubanos passassem pelo Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos).
O programa Mais Médicos foi criado com o objetivo de levar médicos para áreas do país em que há carência desses profissionais. O governo brasileiro paga bolsas mensais de R$ 11.865,60 a cada profissional -- no caso dos cubanos, cerca de um terço do valor chega aos médicos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1.600 municípios que hoje fazem parte do Mais Médicos só tinham cubanos nas vagas do programa. Não há informação sobre o total de médicos extras (contratados pelos próprios municípios) nestes locais.
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