Polícia investiga se grampo enferrujado no abdômen causou morte de mulher
A morte da comerciante Juliana Aparecida Bondioli Gradin, 40, está sendo alvo de investigação policial em São Carlos, no interior de São Paulo. Ela morreu 21 dias após dar à luz Alice, e a família alega que Juliana sofreu perfurações no abdômen possivelmente provocadas por um grampo cirúrgico enferrujado, que teria sido esquecido pelos médicos dentro do corpo da comerciante após a realização do parto.
A césarea realizada para o nascimento da filha mais nova de Juliana ocorreu em 8 de maio, na Unimed São Carlos. Após o procedimento, a comerciante e a bebê tiveram alta e foram para casa. Segundo familiares da comerciante, logo em seguida a mulher começou a ter fortes dores abdominais, vômito e dificuldades para se alimentar. Diante do quadro ela teria procurado ajuda médica por várias vezes, porém era medicada com soro e analgésicos e mesmo sem melhora era liberada para voltar para sua residência.
No último dia 29, Juliana foi internada com os mesmos sintomas e morreu. A família procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência. No documento policial, obtido pelo Jornal Primeira Página e repassado ao UOL, familiares relatam que após o corpo de Juliana ser encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), em Américo Brasiliense (SP), foi constatado que "Ao realizar o exame foi observado distensão abdominal. Realizando abertura da cavidade, nota-se grande quantidade de líquido com aspecto fecalóide, de coloração marrom-amarelada. Retirados 220 ml de líquido, há presença corpo estranho solto (grampo metálico parcialmente oxidado)".
Procurada pelo UOL, a Unimed São Carlos afirmou que o atendimento seguiu os "protocolos estabelecidos" e que "lamenta" a morte da comerciante. A nota não fala sobre o grampo encontrado no exame feito no corpo de Juliana.
Indignada com a perda da mãe, a filha mais velha da comerciante desabafou em seu Facebook e relata o descaso no atendimento médico. "Consultamos os médicos que a operaram e as recomendações eram o uso de remédios para segurar o vômito e soros para combater a desidratação. [...]Sim, exames que seguiam protocolos foram feitos e não indicavam nada. Deram alta a ela após a aplicação de alguns remédios que tiravam a dor", diz trecho da publicação.
Em seguida a garota lembra do desespero ao ver que a mãe não apresentava melhora e relata que a médica sugeriu que as dores poderiam ter causa psicológica. "Vi minha mãe gemendo de dor no quarto. A médica de plantão olhou os exames na dela e sinalizou apontando o indicador à cabeça que tudo aquilo era psicológico", desabafa a filha. A postagem foi feita em 3 de junho, cinco dias após a morte de Juliana.
A reportagem do UOL tentou contato com a família da comerciante, porém, eles optaram por não comentar o assunto, alegando estarem abalados com toda a situação.
Outro lado
Em nota, a Unimed São Carlos explicou que cumpriu os "protocolos", mas não falou sobre o grampo localizado no abdômen da comerciante. Veja a nota enviada pela entidade
Diante do óbito de Juliana Aparecida Bondioli Grandin, a Unimed São Carlos esclarece que o atendimento prestado à paciente cumpriu rigorosamente os protocolos estabelecidos diante do quadro clínico apresentado, com administração de medicamentos e realização de exames. Infelizmente, na madrugada do dia 30/05, a paciente evoluiu à óbito. O corpo foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito de Américo Brasiliense para investigação da causa da morte. A Unimed São Carlos lamenta o falecimento da senhora Juliana Aparecida Bondioli Gradin e reforça que está à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos.
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