Coronavírus: americanos deixam navio de cruzeiro em quarentena no Japão
As autoridades do Japão iniciaram hoje a retirada dos passageiros norte-americanos que estavam em quarentena no transatlântico Diamond Princess devido à epidemia do novo coronavírus, no litoral do país. Os passageiros estão isolados no navio na Baía de Yokohama desde o dia 3 de fevereiro.
A passageira americana Sarah Arana confirmou que estava em um ônibus e que aguardava para embarcar em um dos voos fretados que seguirão para os Estados Unidos. Segundo ela, os passageiros que deixaram o navio passaram pelo controle de passaporte, mas não foram submetidos a exames de saúde antes de embarcarem nos ônibus, que seguirão em caravana.
O navio tem 3.700 pessoas a bordo, sendo que 355 estão infectadas pelo novo vírus. Desses, 70 foram reportados nas últimas 24 horas. Nem todos foram submetidos aos testes que permitem estabelecer uma eventual infecção. "Até agora, examinamos 1.219 pessoas", declarou o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, à rede nipônica NHK.
Os 350 norte-americanos a bordo devem voltar para casa em aviões fretados a partir da noite deste domingo. Deles, ao menos 40 estariam infectados com o vírus.
Dois voos fretados devem levar os passageiros do navio para os Estados Unidos, onde parte deles permanecerá em quarentena de 14 dias em uma base militar da Califórnia, e os demais, no Texas.
"A prioridade do governo dos EUA é a segurança e o bem-estar de seus cidadãos", disse a Embaixada dos Estados Unidos em uma carta dirigida aos interessados e publicada em seu site, onde também expressa "a profunda gratidão ao governo do Japão por trabalhar diligentemente para controlar e conter a propagação do novo coronavírus".
Washington solicitou o desembarque e repatriamento de seus cidadãos "para cumprir suas responsabilidades sob suas regras e práticas e reduzir a carga sobre o sistema de saúde japonês", de acordo com o documento.
Outros países devem seguir passos dos EUA
O fim da quarentena dos passageiros do Diamond Princess está previsto para o dia 19, mas os acontecimentos recentes poderão alterar este calendário.
Vários governos não esperaram e, ante a gravidade crescente da situação e as dúvidas envolvendo a eficácia das medidas tomadas, decidiram retirar seus cidadãos que aparentam estar bem de saúde e submetê-los à quarentena em seus respectivos países.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, disse que o governo enviará um avião para resgatar os 35 cidadãos italianos que estão no cruzeiro.
"Essa é a Itália que nunca deixa seus cidadãos sozinhos. Somos italianos, e ninguém deve ficar para trás", escreveu Di Maio no Facebook. Os italianos do Diamond Princess ficarão em quarentena por 14 dias em seu retorno a Roma, em uma estrutura ainda a ser definida.
Canadá, Coreia do Sul, Hong Kong também anunciaram voos para levar de volta para casa seus cidadãos que estão no navio. Os países disseram que os passageiros têm que estar sem sintomas para embarcar nos voos e devem passar por quarentena quando chegarem.
O Diamond Princess realizava um cruzeiro com escalas na Ásia quando um passageiro que desembarcou em Hong Kong deu positivo para o novo coronavírus. Ao chegar à costa do Japão, o navio não recebeu autorização para atracar, e todos os passageiros foram colocados em quarentena. Os casos confirmados foram transferidos para hospitais japoneses especialmente equipados.
Especialistas em saúde discordaram da decisão do Japão de manter todos os passageiros a bordo em isolamento, onde é mais provável que eles espalhem o vírus entre si, em vez de distribuí-los aos centros de saúde durante a quarentena.
Alguns passageiros, por sua vez, reclamaram da falta de medicamentos e deterioração das condições sanitárias e higiene a bordo, entre outras circunstâncias, por meio de mensagens colocadas fora de suas cabines ou das redes social.
(Com Reuters, EFE e AFP)
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