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Hospitais particulares de SP param de divulgar resultados de covid-19

17/03/2020 - Pedestres utilizando máscaras de proteção ao coronavírus na região da Estação do Brooklin do Metrô em São Paulo (SP) - Flavio Corvello/Futura Press/Estadão Conteúdo
17/03/2020 - Pedestres utilizando máscaras de proteção ao coronavírus na região da Estação do Brooklin do Metrô em São Paulo (SP) Imagem: Flavio Corvello/Futura Press/Estadão Conteúdo

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

17/03/2020 18h00

Resumo da notícia

  • Hospitais particulares pararam de divulgar dados de diagnóstico do novo coronavírus
  • Segundo informado pelos hospitais ao UOL, os dados serão concentrados nas autoridades públicas de saúde
  • Hospital Albert Einstein divulgou dados até 12 de março, e apresentava números maiores de casos positivos que o MS
  • Ministro afirmou que se reunirá com representantes da rede privada para que realizem exames autorizados por planos de saúde, conforme ordem da ANS

Hospitais particulares de São Paulo que vinham divulgando diagnósticos do novo coronavírus pararam de informar os resultados destes testes ao público. A divulgação de resultados, segundo esses hospitais, será feita exclusivamente pelo Ministério da Saúde.

O UOL procurou os maiores hospitais particulares da capital e dois deles confirmaram, oficialmente, a interrupção da prática: os hospitais Albert Einstein, onde foi diagnosticado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, e o Hospital Samaritano.

Segundo o Hospital Samaritano, localizado na zona oeste de São Paulo, "as notificações de casos suspeitos de coronavírus por hospitais privados são realizadas às secretarias municipais e estaduais de saúde".

De acordo com o mesmo hospital, os dados de infecção pelo novo coronavírus devem ser requisitados pelos jornalistas, "por recomendação do Ministério da Saúde", diretamente com o MS e/ou com as secretarias estaduais e municipais de Saúde.

O Einstein disse apenas que não informa mais os números e que os repassa ao Ministério da Saúde.

Os últimos dados divulgados pelo Einstein foram no dia 12 de março. Naquele dia, o hospital informou que havia contabilizado 98 casos de Covid-19 por meio de exames realizados em seus laboratórios.

No mesmo dia, o Ministério da Saúde informava que havia 77 casos em todo o país. Até aquela data, o Einstein havia feito 3.367 exames para o novo coronavírus, com 98 testes positivos (2,9% do total).

Restrição de exames

O Hospital Israelita Albert Einstein anunciou ontem a suspensão de exames para detecção do vírus causador da Covid-19 em indivíduos assintomáticos, sintomáticos leves, mesmo com pedido médico. A coleta domiciliar de amostras para a execução do teste também foi suspensa.

O objetivo é usar o recurso apenas nos casos graves, que necessitam de internação. A medida foi tomada como forma de racionalizar a utilização do teste e evitar seu desabastecimento. O hospital tem a capacidade de realizar cerca de 3,5 mil exames por dia. O número de exames diários aumentou gradualmente, atingindo a marca de 1,7 mil por dia no último fim de semana.

Cada exame no Einstein, particular, custa R$ 150. O hospital não confirmou se realiza exames autorizados por planos de saúde.

Sistema suplementar

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou em entrevista realizada agora há pouco que vai se reunir com representantes do "sistema suplementar de saúde", que é como os técnicos do SUS chamam a rede particular e filantrópica.

O objetivo é otimizar a utilização da rede privada no apoio ao SUS, ao diagnóstico, especialmente para que os hospitais cumpram a medida da Agência Nacional de Saúde e realizem exames de Covid-19 autorizados pelos planos de Saúde.