Corona chega às favelas; prefeitura do Rio confirma caso na Cidade de Deus
A Prefeitura do Rio confirmou o primeiro caso de covid-19 em favelas da capital fluminense. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente mora na Cidade de Deus, na zona oeste da cidade.
O caso acende o alerta das autoridades para um temor já revelado anteriormente pelo governador do estado, Wilson Witzel (PSC), e o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos): a chegada do coronavírus em comunidades carentes, onde as condições de saneamento, isolamento e higiene não costumam estar alinhadas com as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) para o combate ao coronavírus.
No total, a capital registra 170 casos confirmados, distribuídos por 33 bairros, e outros 189 suspeitos. O morador da Cidade de Deus infectado pelo coronavírus já encontra-se isolado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 45% dos infectados na capital tem mais de 60 anos. Doze pessoas estão em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo).
Em menos de 24 horas, a capital fluminense registrou aumento de 60% no número de infectados pelo coronavírus: ontem, a cidade registrava 103 casos confirmados.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já havia falado sobre as peculiaridades da disseminação do vírus na capital do Rio de Janeiro.
"O Rio é uma cidade mais condensada. Temos problema de distância e os espaços são menores. Além do que, há áreas de exclusão social, favelas, áreas de proximidade muito próximas às pessoas, de baixo saneamento e núcleos familiares extensos que vivem dentro de espaços apertados ", disse.
MPF quer proteção às favelas
Órgão do MPF (Ministério Público Federal) voltado à proteção dos direitos humanos, a PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) pediu, na última semana, que o Ministério da Saúde informe até a próxima terça-feira (24), quais medidas estão sendo adotadas para a prevenção ao novo coronavírus e no atendimento às populações que moram em favelas e periferias do país.
O pedido de informações é assinado pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat.
No documento, a Procuradoria afirma que favelas e periferias apresentam alta densidade populacional, casas muito próximas e limitações estruturais para garantir o isolamento adequado em caso de contaminação pelo vírus.
Outro ponto que preocupa o MPF é a situação em muitas dessas localidades de saneamento básico precário, pouco acesso à água de qualidade ou falta de água, e poucas unidades de saúde para atendimento da população.
A procuradora Deborah Duprat afirma no pedido de informações que essas populações devem merecer atenção prioritária do governo, para que a situação de desigualdade social não seja agravada com a chegada da epidemia.
"O quadro estrutural de desigualdade existente na sociedade brasileira não pode ser potencializado em momentos de pandemia, o que significa dizer que grupos historicamente subalternizados devem merecer atenção prioritária, uma vez que já estão, especialmente em termos de saúde pública, em situação de desvantagem em relação ao restante da coletividade nacional", diz trecho do documento.
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