Após hostilidades com Bolsonaro, Doria se reunirá com grupo de governadores
Resumo da notícia
- Governadores de alguns estados e o presidente estão trocando hostilidades durante a crise do coronavírus
- Ontem, João Doria falou que a falta de liderança do presidente obriga os governadores a agirem
- Carlos Bolsonaro reagiu no Twitter acusando os governadores de causarem o pânico com fins eleitorais
- Parte dos governadores hostis ao governo federal vai fará uma reunião nesta segunda-feira
A pandemia de coronavírus acirrou os ânimos entre alguns governadores e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e o ápice da disputa é a troca de acusações do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com o presidente. Ele e outras lideranças estaduais hostis ao Planalto estarão numa reunião por teleconferência amanhã do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), grupo criado por Doria justamente para fazer um contraponto ao presidente.
Entre os participantes estará Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro que, assim como Doria, aspira a presidência da República nas próximas eleições e costuma ser atacado por Bolsonaro. Mas os sete governadores dos estados do Sul e Sudeste que integram o grupo têm o trunfo.
Durante reunião realizada em 29 de fevereiro, eles elaboraram uma carta pedindo a Bolsonaro mais atenção e recursos para o combate ao coronavírus. Político que articulou o Cosud, Doria foi bastante duro com o presidente na entrevista coletiva de ontem e declarou que os governadores estão agindo por falta de atitude do presidente.
"Na ausência dessa liderança nós em São Paulo, os outros governadores, prefeitos e prefeitas nos municípios, estamos cumpridos nossas obrigações, o que deve ser feito, e [também] aquilo que o presidente Bolsonaro não consegue fazer".
O clã Bolsonaro, como de costume, reagiu no Twitter. Carlos Bolsonaro fez uma postagem afirmando que alguns governadores pensam somente em suas carreiras, fecham vias e criam pânico de maneira planejada na população. Ele classificou as medidas dos governadores como "canalhas" e "eleitoreiras".
Na sexta-feira, o presidente tinha falado de maneira menos direta. Ele declarou que se houvesse panelaço contra determinadas autoridades, o baraulho seria ensurdecedor. Ontem, em entrevista à CNN Brasil, foi agressivo e chamou Doria de "lunático". Seguindo o discurso de seu filho, deu conotação eleitoreira às críticas que recebeu do governador de São Paulo.
"Digo a esses governadores: as eleições de 2022 estão muito longe ainda para vocês partirem para esse tipo de ataque, para esse tipo de comportamento de desgaste infundado do chefe do Executivo federal".
Cosud nasceu como contraponto a Bolsonaro
A pauta oficial do encontro de segunda-feira é alinhar a logística do transporte de produtos e ações de saúde. Além da dupla Rio de Janeiro e São Paulo, estarão o governado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e Renato Casagrande (PSB), que integram partidos não alinhados ao presidente.
Haverá também um governador do PSL, Carlos Moisés, de Santa Catarina. Mas apesar de ele ser bombeiro militar e ter sido eleito na onda verde amarela, se distanciou de Bolsonaro ainda no ano passado. O governador catarinense está no grupo de autoridades estaduais que determinou fechamento de rodovias para evitar a disseminação da covid-19, algo criticado por Carlos Bolsonaro.
O Cosud foi criado em março do ano passado, quando ainda se discutia a reforma da previdência. Ele já nasceu se contrapondo a propostas de Bolsonaro para este tema. Mesmo que em sua composição o grupo tenha o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Ele é filiado ao Novo, partido que, junto com PSL, mais votou a favor dos projetos do governo federal nos cinco primeiros meses de Bolsonaro.
O outro membro do Cosud é Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, e filho do apresentador Ratinho, que na última semana fez um discurso defendendo o presidente. Em meio a panelaços e trocas de farpas, a crise política e a política só aumentam no Brasil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.