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EUA vão liberar uso de sangue de pacientes recuperados para tratar covid-19

Plasmas sanguíneos com anticorpos que já enfrentam o coronavírus podem ajudar no tratamento de pacientes graves - Getty Images/iStockphoto/jarun011
Plasmas sanguíneos com anticorpos que já enfrentam o coronavírus podem ajudar no tratamento de pacientes graves Imagem: Getty Images/iStockphoto/jarun011

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/03/2020 19h24

O FDA (Food and Drug Administration), agência federal que regula medicamentos nos Estados Unidos, vai permitir que médicos utilizem sangue de pacientes que sobreviveram à covid-19 no tratamento de pessoas em estado crítico da infecção pelo novo coronavírus.

De acordo com a NBC News, o plasma sanguíneo doado pelos pacientes que tiveram a doença e conseguiram se recuperar foi aprovado em um protocolo de emergência registrado hoje.

Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que esta "pode ser a melhor esperança para combater o coronavírus até que terapias mais sofisticadas possam ser desenvolvidas", algo que pode levar meses.

"Eu acho que não sabemos, até nós termos experiência e casos reportados com essa doença em particular, se isso vai ser efetivo, mas baseado apenas no histórico com um número de outras viroses, eu acredito que tem boa chance de funcionar", disse o médico Jeffrey Henderson, professor de microbiologia molecular da Escola de Medicina da Universidade Washigton em St. Louis.

A decisão do FDA vem um dia depois que o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou que o departamento estadual de Saúde planejava começar a tratar pacientes com plasma rico em anticorpos extraído daquelas pessoas que se recuperaram.

O método essencialmente busca colher anticorpos sanguíneos que já lutaram contra o vírus de pacientes previamente infectados e já foi usado durante o surto da Sars, em 2002. Segundo a NBC, relatórios iniciais da China sugerem que esse plasma pode ser eficaz na luta para amenizar os efeitos da covid-19.

Por enquanto, os tratamentos experimentais serão avaliados caso a caso e reservados para pacientes que estão em condição crítica com risco de morte. O FDA pretende responder aos pedidos dos médicos em um período entre quatro e oito horas. Para casos mais urgentes que não disponham de tempo, haverá uma linha especial por telefone para essa aprovação.

Se o tratamento se provar seguro e efetivo, diz a reportagem, os especialistas acreditam que será mais eficiente o uso da técnica em pacientes antes que eles apresentem sintomas mais graves. Além disso, já houve estudos que indicam que as infusões de plasma sanguíneo podem funcionar também para proteger os profissionais de saúde que trabalham com esses pacientes.

Mas há cuidados também. "Embora seja promissor, o plasma convalescente não se mostrou efetivo em todas as doenças estudadas", disse o FDA.