Morte de enfermeiro por suspeita de covid-19 gera medo em hospital de SP
Resumo da notícia
- Auxiliar de enfermagem do hospital Tide Setúbal morreu e há suspeitas de coronavírus
- Os profissionais se sentiram tristes e fragilizados com a notícia, que rapidamente se espalhou pelo hospital
- Há ainda relatos de falta de equipamentos de proteção para os funcionários como máscaras e luvas
A morte faz parte da rotina dos hospitais. Desde que escolheram enfermagem ou medicina, profissionais de saúde sabem que ela será parte do cotidiano. Mas quando a morte se manifesta levando alguém próximo, assusta. Os funcionários do hospital Tide Setúbal, em São Paulo, sentiram isto na pele terça-feira. Neste dia, o auxiliar de enfermagem Eduardo Gomes da Silva, 48 anos, morreu com suspeita de covid-19. O novo sempre gera medo e o coronavírus é o novo que mata.
A notícia da morte do auxiliar de enfermagem se espalhou no modo antigo, correu os corredores do plantão no boca a boca. Os funcionários relatam que o impacto foi imediato. As pessoas se sentiram triste e frágeis. Passar a história era contar uma novidade, mas também uma forma de descarrego.
Muitos funcionários do hospital informaram que desde a morte de Eduardo saem de casa por obrigação moral e senso de dever a cumprir. Mas admitem que falta de vontade em ir trabalhar. O motivo é o medo de se contaminar e de contaminar a família. Quem é mais remediado, tratou de se isolar.
Há profissionais mandando esposa ou marido de volta para a casa dos pais, filho indo viver com os avós e até quem desistiu de alugar um apartamento para ter um lugar onde é possível ficar longe da própria família. No Tide Setúbal, as pessoas se comportam como se fossem uma arma biológica ambulante em potencial.
Tanta preocupação transformou os funcionários do hospital em exemplo de proteção. Fazem tudo que o ministro da Saúde sugere nas coletivas e mais um pouco. Uma enfermeira que estava em seu primeiro dia de trabalho no Tide Setúbal falou que riscos sempre fizeram parte da profissão, mas que agora a ameaça e nova.
Houve preocupação também em preparar a estrutura do hospital, que teve o pronto-socorro infantil removido para junto da pediatria, o que liberou espaço para uma ala de contenção da covid-19. O local tem oito leitos de UTI para atender pacientes infectados com o novo coronavírus.
Mas se o enfrentamento à covid-19 é algo inédito, o hospital tem reclamações antigas e comuns do sistema público de saúde. Nesta semana, funcionários reclamaram da falta de equipamentos de proteção como máscaras e luvas. Havia falta até de infectologista.
Natura que ninguém trabalhe sossegado com esta situação no meio de uma pandemia, mas a morte do auxiliar de enfermagem deixou todos mais alertas. Mas com dentistas, educadores físicos e até médicos veterinários sendo cadastrados, nenhum deles cogita recuar.
Sabem que atendem uma legião de pessoas sem acesso a planos de saúde e que tem no local seu ponto de apoio. O Tide Setúbal tem nome de uma neta de senador que foi primeira-dama de São Paulo e casada com um dos maiores acionistas do banco Itaú. Mas ela é lembrada pelo trabalho de assistência social. Os funcionários querem manter o legado fazendo o senso de dever a cumprir ser maior que o medo.
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