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Bolsonaro diz faltar humildade a Mandetta, mas não o demitirá 'na guerra'

Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta durante conversa com a Frente Nacional de Prefeitos - Foto: Isac Nóbrega/PR
Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta durante conversa com a Frente Nacional de Prefeitos Imagem: Foto: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

02/04/2020 19h36Atualizada em 02/04/2020 21h47

Resumo da notícia

  • Jair Bolsonaro afirmou hoje que não pretende demitir Luiz Henrique Mandetta, mas fez críticas ao seu ministro da Saúde
  • "Pode ser que ele [Mandetta] esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento", declarou
  • O presidente disse que pode abrir o comércio em todo país por meio de uma "canetada"
  • Ele voltou a fazer críticas a João Doria. "Tem governador que faz demagogia barata o tempo todo, como é o de São Paulo"

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou hoje que não pretende demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à pandemia do coronavírus. Mas admitiu que os dois vêm se "bicando".

"Não pretendo demiti-lo no meio da guerra, mas em algum momento ele extrapolou. Sempre respeitei todos os ministros. A gente espera que ele dê conta do recado. Não é uma ameaça para o Mandetta. Nenhum ministro meu é 'indemissível', como os cinco que já foram embora", afirmou Bolsonaro, em entrevista à rádio Jovem Pan.

"Em alguns momentos, acho que o Mandetta teria que ouvir mais o presidente. Ele disse que tem responsabilidade, mas ele cuida da saúde, o (Paulo) Guedes da economia e eu entro no meio. O Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento."

Ainda segundo Bolsonaro, "aquela histeria, aquele clima de pânico, contagiou alguns lá [dentro do Ministério da Saúde]".

"Já está no momento de todo mundo botar o pé no chão", cobrou, na sequência.

Frente às decisões adotadas no combate à covid-19, Bolsonaro viu crescer a pressão da oposição pelo impeachment. Mas afirmou, com veemência, que não pensa na possibilidade de deixar o cargo.

"Da minha parte, a palavra 'renúncia' não existe", disse. "A questão do impedimento, há uma série de regras. Se você ferir, você entrar na Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso é uma preocupação muito grande da nossa parte."

Jejum

Ao encerrar a entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro sugeriu "paz, tranquilidade para quem tem fé", em meio à pandemia. E falou sobre a possibilidade de um "jejum" religioso nacional para combater o coronavírus.

"Evangélicos e católicos têm pedido para mim, para que a gente possa marcar um dia um jejum de todo o povo brasileiro, para a gente ficar livre desse mal o mais rápido possível", avisou.

Esperando 'povo' para decretar reabertura do comércio

Ainda durante a entrevista, Bolsonaro disse que espera poder aliviar logo medidas de isolamento social. Mas que, para isso, depende de apoio da população.

"Tenho um projeto de decreto que considera atividade essencial toda aquela exercida que é indispensável para ele levar o pão para casa. Eu, como chefe de Estado, tenho que decidir. Se chegar esse momento, vou assinar essa MP", revelou.

Hoje, nas redes sociais, Bolsonaro divulgou imagens de uma mulher que pedia a reabertura do comércio. "Temos que levar em conta seu estado emocional [da mulher no vídeo]. Para abrir comércio, eu posso abrir em uma canetada", argumentou.

A reabertura do comércio teria como objetivo acelerar a economia do Brasil, em meio à pandemia. À rádio, o presidente citou o crescimento econômico que era esperado para o país. "O Brasil estava decolando. Nosso crescimento estava em 1,7%, era para estar agora nesse primeiro trimestre em 2,5%. Temos as exceções, mas tem gente que está de olho na minha cadeira", afirmou, em novo ataque indireto a João Doria (PSDB), governador de São Paulo.

Críticas a João Doria e Lula

Bolsonaro aproveitou a entrevista e fez reiteradas críticas a Doria, em especial às medidas de restrição social propostas pelo governador de São Paulo.

"Tem governador que faz demagogia barata o tempo todo, como é o de São Paulo. Fica com esse discursinho barato, ginasial. Estamos prontos para ajudar, mas por favor, comecem a abrir [o comércio]. A gente não quer abrir de uma vez, mas vai abrindo devagar (...). Está pensando que é o quê? É ditadura? Não é dessa forma que devemos tratar a população. Proibir de ir à praia? A praia está lá, ao ar livre."

O presidente ainda citou as mensagens publicadas hoje por Doria e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Twitter, para dirigir críticas a ambos.

"Não podemos admitir a destruição em massa da economia. Ele [Doria] destrói a economia dele, e aí agora vem com cara de Virgem Imaculada pedindo ajuda. Depois que ele usou meu nome para se eleger, agora está mirando em 2022. Eu estou com vergonha dessa aproximação com o Lula nesse momento, sinceramente. Já caiu a máscara dele há muito tempo. Ficou ridícula essa situação dele, de se solidarizar com uma pessoa como essa, um ex-presidiário que está em liberdade condicional, vamos dizer assim", afirmou.