Hidroxicloroquina não ajuda pacientes com coronavírus, diz estudo francês
Defendida pelos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), e dos Estados Unidos, Donald Trump, no combate ao coronavírus, a hidroxicloroquina não ajudou pacientes hospitalizados com a covid-19 e foi associada a complicações cardíacas, segundo um novo estudo realizado na França.
De acordo com a CNN, médicos revisaram os registros clínicos de 181 pacientes com covid-19 que tinham pneumonia e precisavam de oxigênio suplementar. Cerca da metade havia tomado hidroxicloroquina dentro de 48 horas após a internação, e a outra metade, não.
Os médicos acompanharam os pacientes e descobriram que não havia diferença estatisticamente significante nas taxas de letalidade dos dois grupos ou nas chances de serem admitidos na unidade de terapia intensiva.
Entre os 84 pacientes que tomaram hidroxicloroquina, 20,2% entraram na UTI ou morreram dentro de sete dias após o uso do medicamento. Entre os 97 pacientes que não tomaram o medicamento, 22,1% foram à UTI ou morreram, diferença que não é considerada estatisticamente diferente.
O estudo também levantou importantes preocupações de segurança sobre a hidroxicloroquina porque oito pacientes que tomaram o medicamento desenvolveram ritmos cardíacos anormais e tiveram que suspender o uso. Uma das contraindicações no uso do medicamento é justamente a arritmia cardíaca.
"Esses resultados não respaldam o uso de (hidroxicloroquina) em pacientes hospitalizados por pneumonia e hipóxia documentada positiva para SARSCoV-2", escreveram os autores do estudo, publicado no medRxiv.org, fundado pela Universidade de Yale, pela revista BMJ e pelo Cold Spring Harbor Laboratory. Os estudos publicados neste site não são revisados.
Testes no Brasil
Até o momento, sua eficácia não foi comprovada, mas a hidroxicloroquina tornou-se, de fato, uma esperança da comunidade científica no combate ao coronavírus.
No Brasil, o principal estudo hoje conta com a participação de mais de mil voluntários infectados pelo covid-19 e é realizado por uma força-tarefa com 60 hospitais em todo o Brasil que fazem parte do Proadi-SUS, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde.
Entre as unidades que compõem o grupo, batizado "Aliança Covid-19 Brasil", está o Albert Einstein, em São Paulo. Também participam universidades, secretarias de saúde dos estados e instituições de pesquisa científica.
Já a Fiocruz e a OMS (Organização Mundial de Saúde) se uniram em um consórcio internacional que tem buscado evidências relacionadas ao uso da hidroxicloroquina e outras substâncias, como combinações de remédios contra HIV, esclerose múltipla e ebola.
* Com informações de Hanrrikson de Andrade, do UOL, em Brasília
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