Covid-19: Tosse, febre e falta de ar são sintomas mais relatados em SP
Resumo da notícia
- Tosse foi citada como sintoma por 83,8% dos paulistanos hospitalizados com covid-19; ela costuma ser seca e irritativa
- Febre é o segundo sintoma mais comum, reportado por 82,1% dos casos
- A dispneia, termo médico para a dificuldade em respirar, foi mencionada por 73,2%
- Desconforto respiratório foi sentido por 59,7% dos pacientes
Tosse, febre e dificuldade para respirar são os três sintomas mais relatados por paulistanos que foram hospitalizados em razão do novo coronavírus, segundo boletim epidemiológico da Prefeitura de São Paulo.
Diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau atua no Hospital das Clínicas e diz que os dados refletem o que médicos têm ouvido dos pacientes na capital.
A tosse, citada por 83,8% dos paulistanos hospitalizados com covid-19, é seca e irritativa. "Os pacientes que tive relataram irritação na garganta, na região torácica, como se tivesse uma queimação ali, uma sensação de irritação. É uma tosse completamente seca, bem diferente da provocada por gripe, que tem secreção e obstrução nasal", afirma Stanislau.
De acordo com o boletim da Prefeitura, depois da tosse, a febre foi o sintoma mais comum, relatada por 82,1% dos casos. O infectologista comenta que há casos em que a febre pode não ser tão marcante nos casos de covid-19.
"Às vezes, pode ser só a sensação de febre. Não costuma ser muito alta, mas relativamente baixa. E, quando está presente, tem dois comportamentos opostos: ou frustra ou é mais persistente. Quando perdura, temos que pensar se não há alguma outra infecção bacteriana secundária", diz o médico.
A dispneia —termo médico para a dificuldade em respirar— foi mencionada por 73,2% dos pacientes internados e o desconforto respiratório, por 59,7%.
A diferença entre os dois sintomas é que, no primeiro, o paciente precisa fazer força para inspirar, enquanto, no segundo, existe a sensação de falta de fôlego para realizar atividades simples, como caminhar ou falar.
Ambos são indícios de que a infecção pelo novo coronavírus pode estar se agravando. "Se o paciente estiver com muita dificuldade respiratória e muito cansaço, precisa passar no médico de maneira prioritária, porque aí vamos utilizar métodos de aferição de oxigenação adequados. E, dependendo dos parâmetros, é o primeiro indicativo [de agravamento]", afirma Stanislau.
Perda de olfato e paladar
Segundo o médico, a perda de olfato e de paladar tem sido um sintoma tão característico quanto a tosse e a falta de ar, mesmo não tendo sido mencionado no boletim da Prefeitura.
"É tão típico que já há quem proponha que seja colocado como maior sinal da covid-19. Os pacientes, de repente, logo nos primeiros dias, deixam de sentir completamente cheiro e gosto. É, porém, transitório, depois tem uma recuperação progressiva", afirma.
Os sintomas de infecção pelo novo coronavírus têm em comum o fato de serem súbitos. "O paciente está bem de manhã e, à tarde, está muito mal. Não é uma doença que dá esse tempo, chega de uma vez", diz o infectologista.
A médica residente Alice Maganin, 27 anos, está há um mês sem olfato e paladar. Ela foi diagnosticada no início de abril com covid-19 —já está curada, mas ainda não recuperou esses sentidos totalmente.
Os primeiros sintomas surgiram após uma jornada extensa de trabalho e, inicialmente, ela achou que a indisposição tivesse a ver com cansaço pelo expediente.
Sentiu dores no corpo, sensação de temperatura elevada, dor de cabeça e o nariz escorrendo. Passados alguns dias, começou a ter tosse leve e sensação de falta de ar.
"Pensei que pudesse ser ansiedade, e ,como no geral estava bem, não dei tanta atenção. Já nesse período estava sem sentir cheiro ou gosto; fui dormir num dia com tudo isso normal, acordei no dia seguinte sem sentir nada", Alice relata. Pela conjunção de sintomas, ela já esperava a confirmação de covid-19 quando fez os exames.
E não sentir cheiro ou gosto? "É bem chato! As pessoas me perguntam se eu senti determinando cheiro e não sei do que elas estão falando. Meu olfato era muito bom antes."
"Adoro cozinhar e comer, então foi muito frustrante —até porque, quando você está isolada num quarto por 14 dias, meio que não sobra muita coisa para fazer, né? E comer é uma das poucas coisas que sobram", conta a médica.
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