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Com aumento nos casos de jovens, Portugal volta atrás e impõe restrições

A imagem de um homem que espera em um ponto de ônibus é refletida em uma janela de ônibus, enquanto o país facilita o bloqueio devido à disseminação da doença por coronavírus (COVID-19), na estação Cais do Sodre, em Lisboa, Portugal - RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
A imagem de um homem que espera em um ponto de ônibus é refletida em uma janela de ônibus, enquanto o país facilita o bloqueio devido à disseminação da doença por coronavírus (COVID-19), na estação Cais do Sodre, em Lisboa, Portugal Imagem: RAFAEL MARCHANTE/REUTERS

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

24/06/2020 04h00

O governo de Portugal, após ter ensaiado uma volta à normalidade com a reabertura de bares e restaurantes, voltou atrás e impôs novas medidas de restrições por conta do avanço da pandemia do novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Antonio Costa na última segunda-feira (22) e passou a ter eficácia ontem. Os novos surtos e também as restrições estão concentradas na área metropolitana de Lisboa, capital do país.

Também há preocupação do governo com o aumento de casos entre jovens de 10 a 29 anos. Com base em dados da Direção-Nacional da Saúde, órgão autônomo vinculado ao ministério homônimo, o jornal Público mostrou que a maioria dos casos do novo coronavírus, registrados desde 4 de maio, está entre os jovens de 10 a 29 anos.

O dado reforça que os grupos de risco são os mais atingidos pelo vírus, mas não os únicos. A data no começo do mês passado marcou o início do processo de reabertura no país.

A partir desta flexibilização, o número de casos da covid-19 em jovens quase dobrou. Entre 4 de maio e 21 de junho, houve crescimento de 90% de casos confirmados nos que estão na faixa etária entre os dez e os 29 anos. Só entre os adultos jovens, com entre 20 e 29 anos, o crescimento foi de 89,3%.

Entre as novas restrições, aprovadas após reunião por videoconferência do Conselho de Ministros, estão as aglomerações "limitadas a dez pessoas" (antes, o limite era de 20 pessoas), fechamento de todos os estabelecimentos — à exceção dos restaurantes — às 20h e proibição do consumo de álcool "em espaços ao ar livre de acesso ao público". Serão aplicadas multas aos que não respeitarem as regras, com valores que ainda não foram estipulados.

O primeiro-ministro Antonio Costa se mostrou receoso com as aglomerações e com as festas ilegais que têm acontecido na capital. "São comportamentos que só podem dar mau resultado", disse o socialista. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa, social-democrata, concordou com a posição de Costa e disse que o governo tem de fazer "o que for necessário para impedir o descontrole".

Em entrevista coletiva, Costa afirmou que as medidas visam "controlar esses eventos que têm acontecido e que são um risco grande para a saúde pública". A Direção-Geral de Saúde contabilizou 259 novos casos confirmados da covid-19 e quatro mortes na última segunda-feira.

As regiões de Lisboa e Vale do Tejo, as mais afetadas pela pandemia, concentraram 63% (164) dos novos casos. Ali, são 16.926 contaminados.

"Não existe consenso de que o comércio e os serviços abriram cedo demais, mas depois da reabertura houve um 'boom' de casos na grande Lisboa. Assim que anunciaram o 'desconfinamento' [como os portugueses chamam a flexibilização da quarentena], para a maioria das pessoas foi como se tudo voltasse ao normal", diz um publicitário brasileiro que vive em Lisboa há dois anos e trabalha com design gráfico.

"Acreditaram que tomando medidas paliativas, que o isolamento ia permanecer igual, mas isso não aconteceu."

Em um mês (entre 21 de maio e 21 de junho), conforme dados do governo, foram detectados em Portugal 9.221 novos casos de covid-19, dos quais 85% estão nas regiões de Lisboa e do Vale do Rio Tejo. Metade desses novos casos foi localizada nas comunas de Lisboa, Sintra, Odivelas, Loures e Amadora — todos estes locais permanecem em estado de calamidade, conforme anunciado por Costa na segunda.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma primeira versão deste texto afirmava, no título, que houve aumento nas mortes de jovens pelo coronavírus em Portugal. O correto é o aumento de casos confirmados. A informação foi corrigida.