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Pandemia afeta maior parte dos tratamentos de câncer do país, diz pesquisa

Sala de quimioterapia; tratamento de câncer foi prejudicado por causa da pandemia de coronavírus - iStock
Sala de quimioterapia; tratamento de câncer foi prejudicado por causa da pandemia de coronavírus Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

03/07/2020 10h09

Durante a pandemia da covid-19, 53% dos tratamentos de câncer do Brasil sofreram alterações, de acordo com uma pesquisa feita pela campanha "O câncer não espera". Foram ouvidos profissionais que trabalham no SUS (Sistema Único de Saúde) e em instituições privadas, de 8 de abril a 26 de julho.

Ainda que os especialistas estejam alertando para o caráter emergencial do tratamento da doença, as medidas de contenção da escalada do coronavírus e o sufocamento das redes hospitalares colocaram a doença em segundo plano.

O quadro é ainda mais complicado no sistema público, segundo a pesquisa apresentada pelo jornal O Globo. 68% dos pacientes do SUS tiveram tratamentos alterados. Entre cancelamentos e remarcações, os números colhidos com profissionais da rede apontam para alterações em exames (72%), consultas (60%), sessões de quimioterapia (15%) e radioterapia (18%). No sistema privado, 38% dos tratamentos foram afetados.

A Sociedade Brasileira de Oncologia declarou ao jornal que existe uma estimativa de que 70% das cirurgias oncológicas também tenham sofrido mudanças no período da pandemia.

Clóvis Klock, da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), disse ao Globo que um complicador é o fato de que leitos que antes eram destinados para pacientes com câncer hoje estão alocados para o tratamento da covid-19.

"Alguns locais que fazem exames de imagem importantes para tratar e diagnosticar tumores fecharam ou passaram a atender os atingidos pelo coronavírus como prioridade", adicionou.

"Quem está com câncer não vai deixar de ter a doença e vamos enfrentar pessoas, mais a frente, em situações piores do que estariam se tivessem mantido o tratamento ou sido diagnosticadas precocemente, com um sistema de saúde — que já é historicamente insuficiente, muito combalido", afirmou.