Fórmula de retomada em SP obriga a manutenção de leitos sem uso e vai mudar
Resumo da notícia
- Ocupação hospitalar e número de leitos são critérios para reabertura em SP
- Vagas não podem ser redirecionadas sob pena de a cidade fechar estabelecimentos
- O governo paulista reconheceu o problema e vai divulgar novos critérios
O governo paulista prepara uma mudança no modelo usado para determinar a classificação das regiões do estado nas fases do Plano São Paulo, o programa de retomada da economia e controle da pandemia. Haverá uma recalibragem na maneira como é avaliada a capacidade e a ocupação hospitalar para evitar manter leitos abertos sem necessidade.
O Plano São Paulo analisa cinco critérios para definir o que pode e o que não pode abrir em cada região. Um item é a ocupação hospitalar, única variável com peso 4 (peso máximo). Número de leitos para covid-19 por 100 mil habitantes tem peso 1. Ocorre que por esta fórmula, mesmo com a diminuição da pandemia, os leitos precisam ser mantidos para evitar que a cidade regrida e tenha atividades econômicas proibidas pelo governo do Estado.
O problema foi reconhecido pela secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, que afirmou estar em curso uma atualização. Ela declarou que este novo modelo deverá ser concluído até o final de julho.
"A gente recebeu sugestões de recalibragens, sobretudo da fase amarela para a verde, que a gente está trabalhando nelas agora. O foco desta semana inclusive é este. Com base em cenários de recalibragem vistos pelo Centro de Contingência, pelo conselho econômico, a gente vai rodar estes cenários nas próximas semanas, porque precisa ter um backtest [processo de testagem de modelos matemáticos]".
Prefeito ouvidos pelo UOL mostraram descontentamento justamente por precisar manter leitos abertos e gastar recursos para as cidades não serem enquadradas em fases de maior restrição do Plano São Paulo. Outra constatação é a necessidade de vagas em hospitais para cirurgias eletivas, que estão sendo retomadas. A secretária concordou que os municípios têm razão em protestar contra a situação e disse que a atualização está sendo preparada.
Mas Patricia Ellen ressaltou que o Plano São Paulo tem qualidades como prever gatilhos de avanço e regressão das regiões, conforme a evolução da pandemia. Ela afirmou que muitos países só colocaram metas para reabertura e isto gerou idas e vindas.
"A maioria dos planos não tinha nas regras indicadores de ir e vir. Eles anunciavam o que tinha de alcançar para ir para a próxima fase. Não tinha nem os gatilhos para voltar, nem para avançar. Então, está todo mundo emitindo decretos novos, mudando a regra do jogo no meio do jogo. A gente não está fazendo isso."
A secretária de Desenvolvimento Econômico afirmou que o problema no modelo atual do Plano São Paulo causa impacto da fase amarela para a verde, estágio que o Estado chega agora —são sete regiões na fase amarela. Patricia Ellen ressaltou que não houve prejuízos e neste momento sugestões estão sendo testadas e modelos matemáticos sendo gerados para ajudar na definição de uma nova fórmula.
"A gente vai rodar isto nas próximas semanas para ver se tem recalibragens necessárias para anunciar até o final do mês. Teremos de ter paciência agora".
De acordo com o governador João Doria (PSDB), São Paulo chegou em um platô, quando o número de casos e mortes para de crescer e começa uma lenta redução. A avaliação se refletiu em nove regiões de São Paulo evoluindo no programa de retomando ontem e podendo abrir mais estabelecimentos comerciais. Há quatro regiões que ainda estão em fase vermelha, quando somente atividades essencias podem funcionar.
São Paulo teve 324 mortes registradas nas últimas 24 horas por covid-19, com o acumulado de 17.442 óbitos desde o início da pandemia. No mesmo período, foram diagnosticados 9.395 novos casos, com um total de 359.110 desde fevereiro. São os maiores números do país. Há uma estabilidade nos números de mortos e casos, mas sem tendência de baixa —eles continuam entre os mais altos registrados.
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