Governo não fez boa comunicação e vendeu 'cura milagrosa', diz especialista
A pesquisadora e doutora em microbiologia pela USP (Universidade de São Paulo) Natalia Pasternak afirmou hoje que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não fez uma boa comunicação com a sociedade no enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Segundo ela, o presidente ainda fez propaganda da hidroxicloroquina como uma "cura milagrosa" para o vírus. Até o momento não há estudos que comprovem a eficácia do medicamento no tratamento de pacientes com covid-19.
"Até agora não foi feito uma boa comunicação com a sociedade, e ainda [o governo] fez propaganda de cura milagrosa. A gente não pode normalizar as mil mortes por dia. Isso não pode ser encarado como um sucesso", declarou a especialista em participação no UOL Debate, mediado pelos colunistas do UOL Leonardo Sakamoto e Diogo Schelp.
Pasternak afirmou que, para reabrir a economia e fazer a curva de novos casos e mortes pela covid-19 cair, o governo precisa adotar uma postura mais firme e seguir o exemplo de outros países que conseguiram controlar a pandemia.
"Todos os países que estão reabrindo são os que implementaram as medidas de quarentena, tiveram comunicação honesta e não comunicaram certezas de curas milagrosas nem promessas falsas nem coisas como vacina", declarou.
De acordo com a especialista, não dá para o país contar com uma vacina no curto prazo e programar a vida em função dela. O mais indicado no momento é adotar medidas que já são conhecidas e tiveram resultados positivos em outros lugares.
"Quem sabe, se começar agora, ainda dá para fazer. Montar um comitê de combate à pandemia, nem ministro da Saúde tem, o governo abandonou... formar uma comissão de comunicação com a sociedade que seja transparente e honesta, fazer o engajamento da sociedade. O brasileiro não entende que é um problema da sociedade e vai precisar da participação de cada um", disse.
Pasternak declarou ainda que por causa da comunicação falha do governo, há muitas pessoas que não entenderam o que é uma quarentena e como devem se comportar, enquanto há outras que acham que a covid-19 é uma "gripezinha" e que as mortes são inevitáveis.
"Enquanto não conseguirmos fazer essa comunicação e implementar as medidas, a gente não vai conseguir ver a curva cair para fazer uma reabertura com segurança. A gente sabe quais medidas funcionam, tem exemplos a seguir, mas não estamos conseguindo comunicar e implementar com sucesso", afirmou.
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