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Bebê tem queimadura, e polícia investiga se causa foi banho a 50ºC ou manta

Hospital Municipal Getulinho, em Niterói (RJ) - Divulgação/Twitter/Prefeitura de Niterói (RJ)
Hospital Municipal Getulinho, em Niterói (RJ) Imagem: Divulgação/Twitter/Prefeitura de Niterói (RJ)

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

21/08/2020 11h19

Uma bebê de 6 meses teve o corpo queimado durante uma internação para tratar uma pneumonia no Hospital Municipal Getulinho, em Niterói (RJ). Porém o motivo causa divergência entre familiares da vítima e o estabelecimento.

A família alega que as queimaduras teriam sido provocadas pela manta térmica ligada sobre a criança sem proteção. Já uma enfermeira da unidade afirmou ao delegado Luiz Jorge Rodrigues, que investiga o caso, que os ferimentos foram provocados por um erro ao dar banho a 50ºC. O recomendado é que a temperatura da água seja no máximo 36ºC.

"A enfermeira já prestou depoimento. Ela contou que dava um banho normal de imersão em um balde de inox na criança e esqueceu de misturar a água que atingiu uma temperatura de 50ºC", explica o delegado em entrevista ao UOL.

A família contesta a versão da unidade e a avó da criança, Adilene, nega que a vítima tome banho por imersão. "Minha neta não toma banho de imersão. Ela não pode. Está escrito no prontuário dela. Eles fizeram uma cirurgia para raspar a pele dela sem autorização e sem a presença da minha filha", diz.

A bebê teve os pés, as pernas, a virilha e parte da barriga queimadas. Uma perícia foi realizada ontem no local, após a família publicar fotos da criança da internet.

O pai da menina, Jefferson dos Santos, 23, afirma estar inconformado com a situação. "A gente vem para o hospital, não consegue informação direito sobre a minha filha. Tem três dias que não durmo. Estou perdendo plantão de trabalho. Como deixaram isso acontecer?", afirma Jefferson, que trabalha como cuidador de idosos.

Ele diz que a menina estava sendo acompanhada na unidade pela mãe, Luara, já que ele permanecia trabalhando. Luara deixou o hospital na terça-feira para tomar um banho em casa e, ao retornar para a unidade, encontrou a filha enfaixada e sedada.

A criança foi internada para tratar uma pneumonia e já havia contraído uma meningite bacteriana, que posteriormente virou uma herpes cerebral que deixará sequelas na coordenação motora da menina. No momento, o quadro de saúde da criança é estável.

A menina é a filha mais nova do casal que mora em São Gonçalo, cidade vizinha a Niterói.

Hospital diz que abriu sindicância

Procurado, o hospital Getulinho lamentou o ocorrido e informa que está prestando toda a assistência necessária para a paciente e para a família. "Foi aberta uma sindicância para apurar o fato e a direção tomará as medidas cabíveis", diz.

A família contesta a assistência citada pelo hospital. "Eles aparecem aqui para levar a menina para fazer procedimento e nem informou qual procedimento é", alega a avó da criança.

Ao solicitar o prontuário da criança, após o episódio, a unidade chegou a informar que os documentos só poderiam ser liberados em 30 dias. Os pais da criança queriam o documento para realizar um boletim de ocorrência na delegacia.

O delegado responsável pelas investigações diz que as denúncias da família estão sendo investigados. Luiz Jorge explica que a enfermeira vai responder por lesão corporal culposa. Já a diretora da unidade é investigada por ter cometido os crimes de prevaricação, condescendência criminosa ou não comunicação de crime, por não ter acionado a polícia.