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Pazuello disse que cancelaria apenas 6 mi de doses, diz secretário de SP

O Infectologista do Hospital Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn - MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
O Infectologista do Hospital Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn Imagem: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

21/10/2020 17h46Atualizada em 21/10/2020 21h16

Antes do anúncio de que a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac pelo governo federal não ocorreria, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teria dito que apenas 6 milhões de doses produzidas na China não seriam adquiridas pelo governo federal. Essa foi a versão contada pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em entrevista para a Globo News.

"Existia uma referência de que as [6 milhões de doses de] vacinas provenientes da China seriam proibidas ou não adquiridas", declarou Gorinchteyn à Globo News, citando que as 40 milhões de doses produzidas no Brasil seriam compradas pelo governo federal. Esse foi o entendimento do governo de São Paulo a partir do que disse ontem Pazuello em reuinão com os governadores.

"A partir daí entendemos que era uma questão de interpretação. À medida que o prolongar das horas acontecia, recebíamos outras informações que colocava em discussão não só os 6 milhões, mas os 46 milhões. Isso que causou uma comoção de todos frente a um momento tão delicado em que precisamos de vacinas", acrescentou, ressaltando que a CoronaVac será liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

'Vacina será opcional', diz secretário

Gorinchteyn ainda afirmou que a vacina contra a covid-19 será opcional. "A vacina não é obrigatória, será opcional e [destinada] às pessoas que têm consciência do quanto a vacina protege contra doenças, especialmente o coronavírus, que mata mais de 600 brasileiros por dia", disse o secretário.

Na última sexta-feira (16), o governador João Doria havia dito que a vacinação seria obrigatória. "Em São Paulo será obrigatório, exceto quem tenha orientação médica e atestado que não pode tomar. E adotaremos medidas legais se houver contrariedade nesse sentido".

Desde agosto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem dizendo que a vacina contra a covid-19 será opcional: "como cabe ao Ministério da Saúde definir esta questão — ela não será obrigatória". Apesar do posicionamento, uma lei criada neste ano pelo próprio governo federal e sancionada por Bolsonaro dá poder aos estados e municípios para aplicar uma vacinação compulsória contra a covid-19.

O secretário de Saúde de São Paulo também defendeu que todos os brasileiros tenham acesso à vacina. "Não seria justo, republicano e nem humano que a vacina fosse direcionada apenas para os brasileiros de São Paulo. Tudo será feito para que isso seja atingido".

Bolsonaro desautoriza compra da CoronaVac

Hoje, o governo de São Paulo e o Ministério da Saúde entraram em um debate depois que o secretário-executivo da pasta negou qualquer acordo com o Estado para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac que está sendo produzida em parceria com Instituto Butantan, em São Paulo. A declaração foi dada depois que o presidente Bolsonaro demonstrou incômodo com a compra de doses da CoronaVac.

Na sequência, a Secretaria de Comunicação de São Paulo divulgou um vídeo da reunião entre 24 governadores e membros do Ministério da Saúde, que aconteceu ontem. Na ocasião, o ministro Eduardo Pazuello afirmou: "Fizemos uma carta de resposta ao ofício do Butantan e essa carta é o compromisso da aquisição das vacinas que serão fabricadas até o início de janeiro".