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Maia e Alcolumbre dizem a governadores que Bolsonaro está aberto a vacinas

Presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniram com governadores para discutir vacina contra a covid-19 - Assessoria do Governo do Piauí/Divulgação
Presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniram com governadores para discutir vacina contra a covid-19 Imagem: Assessoria do Governo do Piauí/Divulgação

Guilherme Mazieiro e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

03/11/2020 16h37Atualizada em 03/11/2020 20h27

Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), relataram a governadores que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está aberto a aceitar vacinas que tenham o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), participou da reunião, hoje (03), e cobrou coordenação nacional sobre o assunto.

"Os presidentes da Câmara e do Senado estão ajudando nessa intermediação, a gente tem boa expectativa no acolhimento por parte do presidente Jair Bolsonaro no entendimento a favor da população brasileira", disse Leite.

O governador disse que a coordenação nacional é necessária para evitar que estados disputem entre si a aquisição da vacina.

"O que tenho alertado é que se não houver uma coordenação nacional e se os estados forem estimulados a disputarem entre eles a aquisição de vacinas, todos saem perdendo", disse.

Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), divergiram sobre a vacinação obrigatória e o financiamento da produção de vacinas do Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

O instituto paulista é um dos principais produtores de vacina do mundo e parceiro das ações do governo federal há décadas. Em parceria com o laboratório chinês, o Butantan desenvolve e pretende adquirir 46 milhões de doses da vacina.

Bolsonaro e parte da sua base de aliados criticaram a vacina em estudo pelo Butantan por ter origem chinesa. No Brasil são analisadas outras duas vacinas, uma de origem inglesa, no Rio de Janeiro, e uma de origem russa, no Paraná.

O tema chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) após os embates entre Doria e Bolsonaro. O Supremo julgará se a vacinação deve ou não ser obrigatória. O presidente Luiz Fux ainda não definiu a pauta do julgamento. Ministros relataram que querem fazer audiências públicas sobre o tema antes de votarem.

Após a reunião com Maia e Alcolumbre, o grupo seguiu para reunião no Ministério da Economia e foi recebido pelo secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. Os governadores negociam o projeto chamado de Lei Mansueto, para determinar regras de equilíbrio fiscal e metas para contas e créditos dos estados. O projeto poderá ser votado na Câmara até o final do mandato de Maia, em 1º de fevereiro. O nome faz referência ao ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que participou da elaboração do texto.

Canal de diálogo

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), um dos coordenadores do Fórum dos Governadores do Brasil, afirmou que a reunião com Maia e Alcolumbre serviu como porta para retomar um melhor diálogo com Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Segundo Dias, os dois congressistas concordam com os governadores de que a primeira vacina pronta e autorizada pela Anvisa deve ser comprada pelo Ministério da Saúde e distribuída a toda a população, independentemente do país de origem.

Aos poucos, Bolsonaro tem se mostrado mais aberto à vacina chinesa e do Butantan, relatou Alcolumbre ao grupo. A reunião serviu inclusive para os presidentes da Câmara e do Senado demonstrarem mais respaldo com o apoio dos governadores ao negociarem com Bolsonaro.

No encontro, foi discutida ainda a eventual obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. O posicionamento da maioria dos governadores, informou Dias, deve ser pela não imposição da imunização por avaliarem que forçar as pessoas poderia causar mais revolta política e pelo direito à liberdade do que benefícios.

Eles apostam também que a maioria da população deverá procurar se vacinar, então, uma não obrigatoriedade não seria imprescindível. Alternativas para fazer com que as pessoas se vacinem no dia a dia, como a cobrança de vacinas para matrículas e transportes, já existem e podem ser utilizadas com o objetivo de estimular a proteção contra a covid-19. A vacinação com agendamento nos postos de saúde é discutida para evitar aglomerações e filas.

Segundo a assessoria do governador do Piauí, a reunião contou com representantes de Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco e Piauí.