Gerente da Anvisa admite otimismo com vacina de Oxford, mas pede cautela
Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), admitiu que ficou otimista com as últimas notícias sobre vacinas contra covid-19. A farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a universidade de Oxford, anunciou hoje que o imunizante pode chegar a 90% de eficácia. Porém, apesar do otimismo, Gustavo adotou um discurso de cautela e evitou estabelecer prazos para o início da vacinação.
"Realmente é uma semana de muito otimismo. A gente tem acompanhado os anúncios das empresas sobre eficácia. Mas ainda precisamos avaliar esses dados. As empresas têm deixado claro que os dados precisam de avaliação das agências reguladoras. A expectativa é ver as avaliações de outros países e esperar que as empresas submetam os dados para a Anvisa", declarou Mendes em entrevista à Globonews.
O gerente de medicamentos também lembrou que a Anvisa iniciou, na semana passada, um processo que agiliza o envio desses dados. Segundo ele, a AstraZeneca já enviou algumas informações por meio desse processo.
"A gente já se organizou. Aceitamos que empresas submetam dados parciais para levantarmos nossas considerações e dúvidas, para agilizar a análise do dossiê completo. Precisamos dos dados aqui porque a gente sabe que não dá para brincar com esse assunto", destacou Mendes, que também recebeu dados da SinoVac, empresa chinesa que desenvolve a vacina CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan.
Ele reforçou que a Anvisa já viajou à China para analisar a fábrica que produz insumos da vacina de Oxford.
"Estamos com inspetores na China para verificar tanto a empresa da Coronavac quanto a empresa que fabrica insumo da vacina de Oxford. Vai começar a avaliação no dia 30. A gente precisa saber que essas fábricas têm condições técnicas para a produção da vacina", explicou.
A vacina de Oxford apresentou resultados melhores de eficácia (90%) quando aplicou uma dose e meia nos voluntários, em vez de duas doses. Mendes disse que isso também é uma boa notícia, pois permite mais imunização com menos gastos. E avaliou que não é algo surpreendente, pois já aconteceu com outras vacinas.
Apesar desse otimismo, por enquanto não há uma previsão de quando a Anvisa vai avaliar a vacina de Oxford.
"A gente busca não se comprometer com datas, porque datas serão fornecidas pelos patrocinadores. Quando a gente receber esses dados, vamos dizer os próximos passos e a expectativa de aprovação. Um exemplo é vacina da Pfizer, que submeteu um pedido de uso emergencial nos Estados Unidos. A FDA (agência de vigilância sanitária americana) botou prazo para 10 de dezembro. Só quando o documento recebido, com avaliação preliminar do tempo, é que a gente consegue estabelecer prazo para a população", concluiu o integrante da Anvisa.
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