Vacinação não pode ser paralela e deve começar em fevereiro, diz Pazuello
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se reuniu hoje com governadores de todo o país para fazer um balanço sobre o enfrentamento à covid-19 no Brasil e tratar sobre a compra de vacinas. Um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar que haverá um Plano Estadual de Imunizações, o general rejeitou a possibilidade e disse que a vacinação será nacional.
No encontro, o ministro afirmou ainda que o plano pode começar no final de fevereiro, com a aplicação da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca. Ao final da tarde, Pazuello fez um pronunciamento à imprensa.
O ministro evita dar entrevistas e declarações públicas, mas na tarde de hoje elencou ações que o ministério afirma ter adotado em relação a implementação de vacinas contra a doença no país. Ele não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas — suas declarações foram transmitidas pela TV Brasil.
"Ressalto que todos no Brasil terão acesso à vacina. Todos aqueles que desejarem. Nós oferecemos a vacina e vacinaremos aqueles que desejarem", disse Pazuello durante pronunciamento no Palácio do Planalto.
Pazuello voltou a afirmar que compete ao Ministério da Saúde o planejamento e vacinação "em todo o Brasil". "Não podemos dividir o Brasil num momento difícil que todos nós passamos", declarou.
O PNI (Plano Nacional de Imunização) é nacional. Não pode ser paralelo. A gente tem que falar a mesma linguagem. Nós só temos um inimigo: o vírus. Temos que nos unir
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
A data de início da vacinação tem preocupado os governadores, que temem que estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que sediam o Instituto Butantan - vinculado ao governo do estado - e a Fiocruz - vinculada ao governo federal -, respectivamente, iniciem a imunização antes do restante do país. O plano paulista, por exemplo, prevê o início da vacinação para 25 de janeiro.
Pazuello indicou que será possível começar a colocar o plano em prática em fevereiro, por causa do prazo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão. O registro gira em torno de 60 dias. Se tudo estiver redondo, teremos o registro efetivo da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação
Pazuello
Outra preocupação é sobre a compra de insumos, como seringas e agulhas, que não foi licitada ainda. Ao comentar sobre o tema, o ministro da Saúde disse que "está empenhado" e prometeu "vacinar todo mundo na maior velocidade possível".
Na reunião que teve com governadores na manhã de hoje, Pazuello bateu boca com Doria, desafeto político de Jair Bolsonaro. O governador de São Paulo questionou o ministro sobre a falta de interesse do governo federal na Coronavac, está sendo desenvolvido no Brasil pela chinesa Sinovac, sua fabricante, em parceria com o Instituto Butantan, que é ligado ao governo paulista.
No final da tarde, num ataque a Doria, Bolsonaro disse que o governo federal disponibilizará vacinas, de forma gratuita e voluntária, mas sem usá-las para fins políticos, de olho em "projetos pessoais e de poder".
"O Brasil disponibilizará vacina de forma gratuita e voluntária após comprovada eficácia e registro na Anvisa. Vamos proteger a população respeitando sua liberdade, e não usá-la para fins políticos, colocando sua saúde em risco por conta de projetos pessoais de poder", escreveu Bolsonaro, em post publicado nas redes sociais.
Vacinas por demanda
De acordo com o Ministério da Saúde, o governo federal tem acordos com o laboratório AstraZeneca para receber 260 milhões de doses e insumos para fabricação em 2021. Seriam 100 milhões no 1º semestre e mais 160 milhões no 2º semestre. Segundo Pazuello, 15 milhões dessas doses começam a chegar em janeiro.
Além disso, haverá 42 milhões de doses de alguma vacina que virão do consórcio Covax Facility, feito mundialmente. Portanto o SUS (Sistema Único de Saúde) tem a garantia de 300 milhões de doses para 2021, segundo a pasta. Cada indivíduo precisará tomar duas doses, portanto existem vacinas garantidas para 150 milhões de pessoas.
Pazuello disse ainda na reunião que há tratativas com o Butantan e com a Pfizer. Segundo ele, porém, a compra dessas vacinas depende do registro dos produtos na Anvisa - atualmente, nenhum imunizante contra a covid-19 tem autorização da agência.
Apesar de essa quantidade não atender a demanda da população brasileira, que é de 212 milhões de pessoas, o Ministério da Saúde afirmou que só comprará outras vacinas se houver pedido.
"Se houver demanda e houver preço, nós vamos comprar", disse o ministro, especificamente sobre a CoronaVac.
Todas as vacinas que tiverem sua eficácia e registros da maneira correta na Anvisa, se houver necessidade, vão ser adquiridas. O presidente Jair Bolsonaro já deixou isso de forma clara
Pazuello
O ministro também afirmou aos governadores que o Ministério da Saúde já elaborou a logística de distribuição nacional das vacinas, que será apresentada "em breve", segundo comunicado divulgado pela pasta.
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