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CoronaVac: SP diz que mudou divulgação de resultados para acelerar registro

João Gabbardo disse que o Ministério da Saúde vê o governo de São Paulo como adversário - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
João Gabbardo disse que o Ministério da Saúde vê o governo de São Paulo como adversário Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

14/12/2020 10h44

João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, confirmou que o governo do estado e o Instituto Butantan adiaram o pedido de registro da vacina CoronaVac junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A previsão inicial é que isso aconteceria entre hoje e amanhã, mas só será feito na semana que vem. Apesar do adiamento, Gabbardo afirmou que não haverá mudança no cronograma da vacinação, prevista para o dia 25 de janeiro. Ele defendeu que o registro pode até ser acelerado.

Gabbardo explicou que a intenção inicial era fazer o pedido com resultados parciais da fase 3 de testes, quando 74 pacientes testados estavam com covid-19. Mas segundo ele, o aumento de contágio no estado fez com que a quantidade aumentasse nos últimos dias. Então houve um atraso para que seja realizada a inclusão dos dados desses pacientes infectados recentemente. Mas por ter mais informações, segundo Gabbardo, a Anvisa terá mais segurança para aprovar a vacina contra covid-19 produzida pelo laboratório chinês SinoVac, em parceria com o Instituto Butantan.

"Acho que (a mudança de data do pedido) pode acelerar e dar segurança para iniciar vacinação no dia 25 de janeiro. Quando fizemos a programação da entrega da fase 3, exigiam número mínimo de 61 pessoas doentes entre os voluntários. Nós já estávamos com 74. Íamos fazer apresentação de forma parcial. Com aumento de casos, isso se refletiu nos voluntários e ultrapassamos o número de 151. Estamos com 170 casos. Então optamos por fazer entrega de dados com o número definitivo", explicou Gabbardo em entrevista à CNN Brasil.

Gabbardo também explicou que em breve a agência de vigilância sanitária da China deve aprovar a vacina. E isso obrigará a Anvisa a se manifestar sobre a CoronaVac, por causa de uma lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste ano.

"O governo chinês só está aguardando esses resultados da fase 3 para dar o registro da China. Se isso acontecer, o processo de registro no Brasil ficará mais simples. Aqui vamos fazer as duas solicitações concomitantes, para uso definitivo e uso emergencial. E tem a terceira possibilidade: Tendo registro na agência chinesa, tem um processo diferenciado de análise no Brasil. A Anvisa teria um prazo de 3 dias para se manifestar. Não havendo manifestação, o produto será automaticamente autorizado", destacou Gabbardo.

Críticas ao governo federal

Em um vídeo divulgado ontem, o Secretário-Executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, criticou diretamente o governador João Doria por prometer o início da vacinação para 25 de janeiro. Ele disse que o tucano está brincando com a esperança dos brasileiros e vendendo sonhos que não pode cumprir. Gabbardo defendeu Doria e criticou o governo federal.

"O que a gente percebe é que parece que somos adversários. Somos atacados por uma cavalaria. É muito barulho e pouca eficiência. Não estamos trabalhando assim. Queremos solução rápida e não ficar brigando pela imprensa. O governo deveria tratar desse assunto de outra maneira, como parceiro dessa solução. O Instituto Butantan tem recebido muitas demandas de municípios, estados e outros países. O único país que não está dando importância é o próprio Brasil. Nossos últimos contatos (com o Ministério) foram pela imprensa. Não houve contato recente com Butantan ou com o governo para buscar solução ou ajudar. Estamos percebendo que somos tratados como adversários. Temos uma solução e, por termos uma solução, somos tratados como adversários", concluiu Gabbardo.