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Bolsonaro cobra que paciente se responsabilize para assinar MP da vacina

Bolsonaro diz que paciente terá de assinar termo de responsabilidade por eventual efeito colateral da vacina contra covid-19 - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Bolsonaro diz que paciente terá de assinar termo de responsabilidade por eventual efeito colateral da vacina contra covid-19 Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/12/2020 17h20

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou hoje que quer que um termo de consentimento seja incluído na chamada "MP da vacina", responsabilizando os pacientes que tomarem a vacina emergencial por possíveis efeitos colaterais causados pelo imunizante. Na entrevista concedida à TV Bandeirantes, Bolsonaro também afirmou que a MP garante R$ 20 bilhões para a compra da vacina aprovada pela Anvisa.

"É uma vacina feita muito rápida e a gente vai inocular algo e nós temos que ter responsabilidade", disse o presidente em entrevista ao programa Brasil Urgente.

Na tarde de hoje, o relator da MP, o deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), reuniu-se com Bolsonaro, que solicitou que o termo de consentimento fosse incluído no texto.

Mais cedo, Geninho afirmou que a União quer se eximir de qualquer responsabilização por eventuais efeitos colaterais que as vacinas emergenciais podem causar nos pacientes.

De acordo com o deputado, o contrato com a Pfizer prevê uma cláusula em que a farmacêutica não se responsabiliza por efeitos adversos. Na entrevista, Bolsonaro confirmou a preocupação.

"Eu comecei a conversar com o Pazuello para ele começar a mostrar a bula desse medicamento. E lá no meio dessa bula, está escrito que a empresa não se responsabiliza por qualquer efeito colateral e isso acende uma luz amarela", afirmou o presidente. "Terá uma cláusula que os laboratórios não se responsabilizam por efeitos colaterais, não interessa quais sejam os efeitos colaterais, sendo universal e estando a disposição de todo mundo", completou.

No momento, nenhuma vacina tem aprovação da Anvisa para ser aplicada no Brasil. A vacina da Pfizer já está sendo aplicada de forma emergencial nos EUA, no Reino Unido e em outros países.

O Brasil tem testes da fase 3, a última antes da liberação da vacina, de quatro farmacêuticas. Além da Pfizer, estão nesta etapa a CoronoVac (que é desenvolvida pelo Instituto Butantan - órgão ligado ao governo paulista - em parceria com o laboratório chinês Sinovac), a AstraZeneca (em parceria com a Universidade de Oxford e a Fiocruz) e a Jansen.

O governo também conta com 42,5 milhões de doses do Covax Facility, uma aliança global de vacinas liderada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Bolsonaro repete que vacina "não será obrigatória"

Na MP que, segundo o presidente, deve ser publicada "entre hoje e amanhã", o governo federal destinará R$ 20 bilhões para a compra da vacina "que for aprovada pela Anvisa".

"Qual vacina? Aquela que passar sob o crivo da Anvisa. Passou? A gente compra sem problema nenhum.", disse Bolsonaro.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a deixar claro que a vacina não será obrigatória, que não pretende tomar o imunizante e que "é problema dele" se sua vida estiver em risco.

"Esse vírus é igual uma chuva, vai chegar pegar em todo mundo. Você tomando a vacina, daqui a dois, três, quatro anos, tem que tomar de novo, se não você pode ser infectado. Nós devemos respeitar quem não queira tomar, como algumas autoridades dizem que deve ser obrigatória, não será obrigatória.", finalizou.

Presidente volta a afirmar que país vive fim da pandemia

Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a repetir, sem provas, que o Brasil vive o fim da pandemia e já teria atingido a imunidade em rebanho. "Nós no meu entender, segundo informações que eu tenho, quase atingimos imunidade de rebanho, ou seja daqui para frente é o final da pandemia", disse.

Questionado sobre a alta no número de mortes e casos nas últimas duas semanas, o presidente minimizou. "Os números subiram um pouco agora? Sim, subiram, até porque o finalzinho da campanha o povo ficou bastante a vontade e quem estava em casa cansou e foi para rua. Cada vez mais o Brasil está uma escala mais baixa de mortes por milhão de habitantes", afirmou, sem apresentar novamente estudos que comprovem a afirmação.

De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, o Brasil registra 17 estados mais o Distrito Federal com tendência de alta na média móvel de mortes. Entre quarta e quinta da semana passada, o país registrou o maior número de estados em alta desde o início do cálculo pelo consórcio: 21.