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Com pandemia de covid-19, 2020 tem 24% mais mortes do que o projetado

1.ago.2020 - Movimentação no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste da cidade de São Paulo, em meio à pandemia do Coronavírus - ROBSON ROCHA/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO
1.ago.2020 - Movimentação no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste da cidade de São Paulo, em meio à pandemia do Coronavírus Imagem: ROBSON ROCHA/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

31/12/2020 04h03

Antes mesmo de terminar, 2020 já é o ano com maior registro de óbitos no Brasil, um recorde puxado pela pandemia do novo coronavírus. Até novembro, a covid-19 já havia causado um aumento de 24% na quantidade de óbitos de causas naturais esperados para este ano, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Até o dia 14 de novembro, último período disponível para consulta, eram esperados cerca de 828.395 óbitos no país. Ocorreram mais de 195 mil mortes além desta projeção — o chamado excesso de mortalidade. No mesmo período, 165.673 pessoas haviam morrido em decorrência direta da covid-19, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

O acompanhamento desse excesso de mortalidade é sugerido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para monitoramento das mortes com influência direta e indireta da pandemia.

"Mortes provocadas, por exemplo, pela sobrecarga nos serviços de saúde, pela interrupção de tratamento de doenças crônicas ou pela resistência de pacientes em buscar assistência à saúde, pelo medo de se infectar pelo novo coronavírus", informa o Conass em nota técnica.

Os dados revelados pelo painel indicam que o impacto da covid-19 no país vai muito além dos já trágicos indicadores de mortes confirmadas pela doença. Conselho Nacional de Secretários de Saúde

Para projetar as mortes esperadas neste ano, o Conass considerou os óbitos entre 2015 e 2019 divulgados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Para os dados deste ano, foram utilizadas informações da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil). Os números para comparação consideram apenas mortes por causas naturais, excluindo mortes por acidentes ou violência.

Na curva de óbitos esperados e observados é possível notar um salto a partir da semana epidemiológica 12, que contempla o período de 15 a 21 de março. A primeira morte no Brasil causada pelo novo coronavírus foi registrada oficialmente no dia 12 de março.

Desde então, a diferença entre os óbitos esperados e os observados foi aumentando até atingir um pico na semana epidemiológica 20 (10 a 16 de maio), época do auge da primeira onda da covid-19. Nesse período eram esperadas cerca de 23 mil mortes, mas foram observadas mais de 33 mil, um excesso de 44%.

Em termos proporcionais, a região mais afetada foi a Norte, com 21.920 óbitos a mais, um excesso de 43%. Logo em seguida vem o Centro-Oeste com 19.463 óbitos a mais (37%), seguido por Nordeste com 71.889 (35%), Sudeste com 73.096 (19%) e, por fim, Sul com 8.748 (7%).

Em termos absolutos, o estado de São Paulo foi o que registrou maior excesso, com 29.860 óbitos a mais.

Covid-19 é maior causa-morte no ano

Se considerados os óbitos gerados por todas as causas, incluindo-se assassinatos e acidentes, por exemplo, 2020 já caminhava para ser o ano com recorde de mortes mesmo antes de terminar. Até novembro, já haviam sido registrados 1.314.097 óbitos no país, segundo dados dos cartórios disponibilizados pela Arpen Brasil.

Mesmo faltando um mês para fechar a contabilidade do ano, o número de mortes computadas já superava o total de 2019, quando foram 1,25 milhão de registros no país —o maior número contabilizado até então.

Neste cenário a covid-19 já é a maior causa de morte no país. Levantamento feito pelo UOL em setembro junto ao Ministério da Saúde já mostrava que a covid superava as doenças isquêmicas do coração (que incluem os infartos) que historicamente lideravam a lista de causa-morte. No ano passado, essa causa bateu um recorde de 116 mil óbitos em 12 meses.

Segundo os dados do consórcio de veículos de imprensa, até às 20h do dia 30 de dezembro, a covid-19 matou 193.940 pessoas em todo o país.