Registro de óbitos por covid em Manaus já é 22% maior que 1° pico da doença
O número médio de mortes causadas pela covid-19 em Manaus já supera em 22% o registrado no primeiro pico da pandemia, em maio passado, segundo dados ainda em atualização crescente dos cartórios de registro civil da cidade.
No último dia 13, a média de mortes alcançou 39 ao dia. No primeiro pico da pandemia, o auge não passou de 32 diários registrado no dia 2 de maio de 2020.
Entre julho e outubro, quando a doença arrefeceu, essa média chegou a ficar em três ou quatro mortes ao dia. Em novembro, em um aparente reflexo das campanhas eleitorais, foi percebida uma alta ainda tímida, que alcançou seis mortes diárias; entretanto o número cresceu de forma rápida em janeiro e deve bater novos recordes esta semana com as novas inserções que serão feitas dos registros.
Os números de Manaus constam no Portal da Transparência da Arpen (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) Brasil, que tem como base de dados os registros de óbitos lavrados pelos cartórios de registro civil da capital do Amazonas.
Apesar do número já ser recorde, os dados ainda estão defasados e vão crescer ao longo dos dias, já que a atualização leva até 15 dias: a família tem até 24h após o falecimento para registrar o óbito em cartório que, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar o registro de óbito; depois, ele tem até oito dias para enviar o ato feito à Central Nacional de Informações do Registro Civil, que atualiza o portal.
O número de mortes em alta de Manaus já era notado já pela quantidade de enterros realizados, que esta semana bateu recorde na sexta-feira com 213 sepultamentos. O número de hospitalizações também bateu recordes diários, com mais de 250 por dia.
Relatos chocantes
Em Manaus, o UOL ouviu muitos relatos de pacientes que morreram por conta da covid-19 nos últimos dias por conta da falta de assistência adequada. O problema foi agravado pela falta de oxigênio durante a quinta-feira, como contou à reportagem o genro de Francisca Elizabete Costa, 45.
Por conta do alto número de atendimentos e pessoas internadas, o maior pronto-socorro da capital, o Hospital 28 de Agosto, fechou o setor de triagem e não está mais recebendo pacientes, exceto aqueles graves que chegam encaminhados por ambulâncias. Mesmo assim, muitas pessoas ainda tem buscado atendimento no local.
No maior cemitério da capital o Parque de Manaus, no Tarumã, os enterros acontecem em ritmo tão acelerado que são as máquinas que fazem a escavação de covas para enterros, antes isso era feito manualmente. Também foi construído emergencialmente um gavetão para receber corpos.
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