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População terá que estar preparada para a falta de vacina, diz Gabbardo

Frasco da CoronaVac, aplicada nós profissionais da saúde no HC, em SP - Arthur Stabi]e/UOL
Frasco da CoronaVac, aplicada nós profissionais da saúde no HC, em SP Imagem: Arthur Stabi]e/UOL

Do UOL, em São Paulo

19/01/2021 17h36

Coordenador executivo do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, João Gabardo disse não ter dúvida que faltará vacina se o atraso na importação de insumos não for solucionado imediatamente. E afirmou ainda que a população, prefeitos e governadores precisam estar preparados para isso.

Iniciada no domingo, a vacinação contra a covid-19 no Brasil pode ser interrompida em pouco tempo por dificuldades na importação de imunizantes prontos e de matéria-prima para a produção dos imunizantes. O programa começou com apenas 6 milhões de doses da Coronavac, importadas da China.

"Eu não tenho nenhuma dúvida... Eu tenho certeza de que pode faltar vacina [se os problemas persistirem]. O processo de vacinação não é contínuo. Se nós temos 6 milhões de doses, isso seria o suficiente para vacinar três dias de uma forma plena, com todas as unidades de saúde funcionando. É muito pouco", disse Gabbardo, em entrevista à CNN Brasil, hoje à tarde.

"Então, o que vai acontecer é que a população vai ter que estar preparada para isso [a falta de vacina]. Os gestores, os secretários de saúde, prefeitos e governadores precisam estar preparados para isso. Nós vamos começar a vacinação e, em determinados momentos, a vacinação terá de ser paralisada ou vai ter de ser reduzida aguardando a chegada de um novo lote. É certo que vai acontecer isso", alertou, em seguida.

Gabbardo atribui o atraso a três fatores principais, dentre eles, problemas diplomáticos com a China e o aumento no número de casos no país asiático.

"Quais são os fatores que estão provocando o atraso dessas remessas: o primeiro, que eu acho bem lógico, existe uma demanda muito grande no mundo inteiro. O segundo aspecto importante é que pode haver algumas questões diplomáticas com a China que estão atrasando o envio", comentou.

"E tem ainda um terceiro aspecto: o número de casos de covid-19 voltou a aumentar na China neste momento. Eles já sinalizaram que podem fazer um recrudescimento de vacinas", acrescentou.

Crítica ao Ministério da Saúde

Ainda durante a entrevista, Gabbardo também falou sobre a dificuldade do Ministério da Saúde —local onde trabalhou durante a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta— para finalizar o processo de entrega das vacinas no horário programado.

Pazuello havia prometido entregar os imunizantes até o fim da tarde de ontem a governadores, mas houve atraso e reclamação.

"Não era muito difícil de imaginar, ontem às 7h. Aquele compromisso de que as vacinas chegariam até as 14h ou, no máximo, até o final da tarde. Quem conhece um pouco de logística e distribuição de vacinas saberia que isso não é possível e que atrasaria, como de fato atrasou."

"Nessa insuficiência de vacinas, eu acho que o governo deveria estar discutindo a distribuição integral das vacinas, distribuir 100% das vacinas, não fazer a reserva da segunda dose, ter o maior número de pessoas vacinadas, mesmo com uma única dose", sugeriu.