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Pontes diz que 3 vacinas brasileiras estão avançadas, mas faltam R$ 390 mi

Arquivo - Pontes disse que três vacinas brasileiras estão avançadas, mas projetos precisam de verba  - Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Arquivo - Pontes disse que três vacinas brasileiras estão avançadas, mas projetos precisam de verba Imagem: Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

26/01/2021 11h07

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse que três modelos de vacinas brasileiras contra a covid-19 estariam "a ponto de bala" para entrar na fase clínica de testes, em humanos, mas que falta verba de cerca de R$ 390 milhões para que os projetos avancem.

"Eu tinha recurso para fazer, e fiz, toda essa parte de desenvolvimento inicial até o final do pré-clínico. Quando entra no teste com pacientes, o valor aumenta consideravelmente porque precisamos preparar lotes pequenos da vacina, logística, aplicações, e eu não tenho recursos, no momento, para isso", explicou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Pontes disse que os três imunizantes em estágio mais avançado são produzidos em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e com a USP (Universidade de São Paulo). A previsão — caso consiga a verba necessária — é de que estejam disponíveis no último trimestre deste ano.

Ele afirma que tenta conseguir essa verba por leis de incentivo, pelo FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ou na iniciativa privada. Questionado se essa falta de recursos se deve ao corte de 30% na verba da pasta, anunciado pelo governo para 2021, ele respondeu:

"Não, esse é um orçamento extra. No fim do ano passado, mandei um pedido de orçamento ao Ministério da Economia, ainda dentro da fase de emergência, mas não conseguiram operacionalizar isso, mais por detalhes técnicos lá, de legislação. E, para este ano, também tem toda a questão do orçamento a ser votado, e a gente não conseguiu. Ainda estou conversando com a Economia para buscar soluções para isso, possibilidades com leis de incentivo, no próprio FNDCT ou no setor privado."

"Estamos analisando possibilidades de como conseguir esse financiamento para empurrar o projeto dessas três ou mais vacinas que devem entrar no teste clínico. E, com o resultado, vemos quais dão mais segurança e funcionam bem, para irmos para a parte com milhares de pacientes", acrescentou ele, dizendo que é "obrigatório que o Brasil tenha uma vacina própria".

O ministro afirmou que as vacinas brasileiras entraram na estratégia da pasta ainda no passado e que um comitê permanente de cientistas e pesquisadores foi montado.

"O Brasil tem um programa nacional de imunização muito robusto, mas a nossa fragilidade é depender de insumos importados. Para nos prepararmos melhor o País, precisamos desenvolver o ciclo completo, desde o estudo inicial e do insumo à produção em escala", disse.

Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "está interessado" e sabe da importância dos imunizantes e que vai conseguir os recursos "de alguma forma".

A respeito do orçamento necessário para dar continuidade a essas três vacinas, ele resumiu :"Em torno de R$ 90 milhões, para as fases 1 e 2. E aquela que tiver mais sucesso, em torno de R$ 300 milhões, para 30 mil voluntários."

Pontes explicou ainda que as vacinas já levam em consideração a nova cepa do coronavírus que circula no Brasil.

Questionado ainda se há chance de haver cortes nas bolsas CNPq em razão da previsão de redução da verba da pasta, o ministro disse que "a princípio", protegerá as bolsas, por "razões óbvias".

"Nossa prioridade aqui é manter essas bolsas funcionando. Conseguimos manter isso por dois anos e tenho essa prioridade para 2021 também. Existe a possibilidade de corte em todos os orçamentos da Esplanada, que deve girar em torno de 13 a 15%, mas em 2019 também houve contingenciamento e não cortamos nenhuma bolsa. Essa é a nossa briga. E se tivermos a liberação do FNDCT, todos os problemas são resolvidos."