TCU dá 10 dias para Manaus dizer se foi pressionada a usar cloroquina
A Secretaria de Saúde de Manaus tem dez dias para responder se foi pressionada pelo Ministério da Saúde a tratar pacientes da covid-19 com hidroxicloroquina e ivermectina. A ordem foi dada pelo ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Benjamin Zymler, em um despacho assinado na última sexta-feira (5).
O documento tomou como base um pedido do Ministério Público, formulado pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, que solicita uma medida cautelar para que o Ministério da Saúde se abstenha de incentivar o uso de medicamentos que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), são ineficazes no tratamento de pacientes da covid-19.
"Caso confirmada essa atuação do MS, solicita a apuração da responsabilidade dos envolvidos e a aplicação das sanções cabíveis diante do exercício das atribuições inerentes aos cargos em desencontro das finalidades a que se destinam os atos", solicita um dos trechos do documento.
O pedido usa como base notícias divulgadas pela imprensa. Uma delas relata que o Ministério da Saúde teria pressionado a Secretaria de Saúde de Manaus, no Amazonas, a utilizar de maneira precoce medicações para o tratamento da doença. Entre as medicações estaria o antibiótico azitromicina e a hidroxicloroquina.
Relatos de médicos apontando que o Ministério da Saúde teria "financiado uma força-tarefa de profissionais que defendem o 'tratamento precoce' da covid-19 para visitarem UBS (Unidades de Saúde Básicas de Saúde) em Manaus" também são usados como indícios. Na época, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, alegou que não haveria outra saída para o tratamento do coronavírus além dos remédios sem eficácia comprovada.
Ao final do documento, o relator Benjamin Zymler determina que a Secretaria de Saúde de Manaus explique qual é o posicionamento que utiliza sobre o uso dos remédios no tratamento precoce dos pacientes com covid-19 em Manaus.
O prazo para que a Secretaria se manifeste sobre o caso termina na próxima quinta-feira (11).
O UOL entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Manaus, mas até o momento não obteve respostas sobre o caso.
Recomendações do Ministério da Saúde
Desde o início da pandemia, o uso dos medicamentos que não têm eficácia comprovada para combater o coronavírus é incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por Pazuello.
O aplicativo TrateCOV, lançado pelo Ministério da Saúde, orienta o enfrentamento da covid-19 com uso de antibióticos e cloroquina, além de fármacos que são utilizados para tratar náusea e diarreia. A lista de remédios sem eficácia comprovada só pode ser usada por médicos, mas é aberta para consulta do público.
O teste da plataforma que faz um diagnóstico a partir de um sistema de pontos foi realizado em Manaus, com o cadastro de quase 350 profissionais de saúde. A indicação de cloroquina e antibióticos pode ser feita pelo TratCOV até para um recém-nascido com sintomas de diarreia e fadiga.
Após uma série de críticas, o aplicativo saiu do ar. De acordo com a pasta, o que houve foi uma instabilidade no sistema, e a plataforma foi retomada.
O MPF (Ministério Público Federal) pediu explicações ao Ministério da Saúde sobre o aplicativo por meio de um ofício encaminhado ao secretário-executivo Élcio Franco. O MPF ainda fixou o prazo de 10 dias úteis para o recebimento da resposta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.