Gabbardo cobra ação coletiva do governo federal: 'País está colapsando'
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, não descarta a necessidade de medidas mais duras para combater a alta no número de casos e mortes pela covid-19. Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ele declarou, no entanto, que estas decisões não podem ser tomadas por um estado isoladamente.
"Tivemos a evolução da pandemia que começou no seguimento regional. Neste momento, estamos enfrentando uma realidade diferente, com o país inteiro colapsando. Não é mais possível que medidas fiquem na responsabilidade de gestores municipais e estaduais", argumentou Gabbardo.
Para o médico, que já passou pelo Ministério da Saúde durante a gestão de Luiz Henrique Mandetta, entre 2019 e 2020, a pasta "tem que assumir a responsabilidade desse processo".
"Não é mais possível que população fique na esquina sem saber se vai obedecer o que governadores estão recomendando ou se vai obedecer o que o governo federal estabelece, provocando aglomerações, falando mal das máscaras e tentando desmoralizar vacinas", cutucou.
Gabbardo afirmou que secretários da Saúde de 27 estados pedem para que a pasta crie uma coordenação unificada no combate à pandemia.
"Está sendo solicitado que o governo federal faça o controle das praias por determinado período e, além disso, o reconhecimento do estado de emergência, que já venceu o prazo. E um plano nacional de comunicação. Isso é fundamental para ter algum resultado daqui pra frente. Tem barreiras sanitárias que não são prerrogativa dos governadores. Quem pode fechar o transporte aéreo não são os governadores.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência de São Paulo
Mais um recorde de pacientes internados
Hoje, o governo estadual anunciou que atingiu um novo recorde de ocupação em UTIs para pacientes com covid-19. São 7.163 pacientes internados nas UTIs, "aproximadamente 763 a mais, com média de 100 novos pacientes internados diariamente em todo estado", afirmou o secretário. O número é 14,7% maior que o pico observado na 1ª onda da pandemia, na 29º semana de julho do ano passado.
A taxa de ocupação de leitos na Grande São Paulo está alta, com 74,3% —e muitos desses pacientes são jovens.
A equipe do governo João Doria (PSDB) diz que um dos motivos é que esse tipo de paciente, por não apresentar problemas prévios de saúde ou comorbidades, demora a procurar assistência médica e chega ao hospital em um estágio mais avançado da doença. Além disso, o crescimento dos casos nas faixas etárias de 30 a 50 anos também pode ser creditado às festas de Carnaval, há duas semanas.
"São pessoas que se sentem à vontade para sair, pensam que só vão perder paladar e olfato, mas perdem vida e vida das pessoas em torno", afirmou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn. "Outra questão é gravidade que chegam. A doença faz oxigenação baixa sem que indivíduo sinta, ele consegue andar. [Mas,] quando chega na unidade, se vê o quanto saturação está baixo."
Estado tem 286 autuações por desrespeito às restrições
Entre a noite de sexta-feira (26) e domingo (28), a fiscalização fez 286 autuações pelo descumprimento da nova restrição de circulação, horários de funcionamento, uso obrigatório de máscaras e distanciamento social no interior dos estabelecimentos. Cristina Megid, chefe da Vigilância Sanitária estadual, disse que foram mais de 3970 fiscalizações e que a situação gerou preocupação.
Chamada de "toque de restrição" por Doria, a medida consiste em operações de fiscalização para tentar restringir a circulação de pessoas no estado entre as 23h e as 5h, e é voltada sobretudo a aglomerações nas ruas. A medida vai até 14 de março.
Fiscais ficaram assustados de ver o número de estabelecimentos abertos e de pessoas (agindo) como se houvesse amanhã. A situação é caótica. Se população não perceber que faz parte da população, não vamos conseguir caminhar.
Cristina Megid, chefe da Vigilância Sanitária estadual
A fiscalização é feita pela Vigilância Sanitária, Polícia Militar e Procon-SP. Os flagrantes da ação da Vigilância Sanitária foram em restaurantes e bares funcionando durante o período do toque de restrição e um baile para terceira idade, com mais de 190 idosos. Foram feitas 3.869 inspeções e 245 autuações.
As equipes do órgão vistoriaram 105 estabelecimentos que prestam atividade não essencial e autuaram 41 deles por desrespeito às regras. As empresas flagradas podem ser multadas em até R$ 10,2 milhões. Já o balanço da Polícia Militar aponta abordagem a mais 79 mil pessoas e 136 mil veículos vistoriados.
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