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Eduardo Leite diz que Bolsonaro "despreza sua gente" e "está matando"

01.mar.2021 - O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) em coletiva sobre repasses do governo federal ao estado - Itamar Aguiar/Palácio Piratini
01.mar.2021 - O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) em coletiva sobre repasses do governo federal ao estado Imagem: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 09h41

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela intenção de causar "confusão" na crise do coronavírus. Leite afirmou que Bolsonaro tem "desprezo" pela população e que o seu comportamento na pandemia questionando as medidas sanitárias e a vacina está "matando".

"Não adianta evocar Deus e colocá-lo acima de todos, porque Deus coloca a vida em primeiro lugar. Então se é para obedecer um mandamento divino, lembre-se que está entre os mandamentos não matar, e um líder na posição dele, que despreza os cuidados sanitários e despreza a sua gente, buscando algum proveito político ou se desfazer de algum prejuízo que possam causar as medidas que devem ser tomadas, infelizmente está matando", disse Leite em uma live na tarde de ontem, em Porto Alegre.

Para o tucano, Bolsonaro é diretamente responsável pelas mortes por covid-19 no Brasil. Ontem, pelo terceiro dia seguido, o país registrou a maior média móvel de mortes por covid-19. Foram 1.223 óbitos em média nos últimos sete dias, o que coloca o país novamente em tendência de aceleração.

"Não tem como entender que o presidente da República não seja responsável por esse número de mortes no Brasil uma vez que gera confusão. (...) É desumano, é egoísta e é uma irresponsabilidade. Se a sua preocupação é a economia, ouça o seu ministro da Economia que diz que vacinar é o grande programa de recuperação econômica. A vacina é que vai parar o vírus. E se não podemos parar o vírus temos que parar as pessoas que carregam o vírus", completou.

Na entrevista, Leite falou ainda sobre a postagem do presidente com os repasses que o governo federal teria feito aos estados durante a pandemia. Mais cedo, um grupo de 19 governadores questionou em uma carte os valores listados por Bolsonaro e se disseram indignados com as informações divulgadas. De acordo com o documento, os recursos efetivamente repassados para a área da saúde são uma quantia "absolutamente minoritária" dentro do montante publicado pelo presidente.

Leite afirmou que o governo federal patrocina "oficialmente fake news e mentiras" durante a pandemia, "com distorção de fatos e dados". "Não bastasse já a confusão que o presidente da República gera ao defender tratamentos sem recomendação científica, confusão nas vacinas, agora, também faz sobre a aplicação de recursos. Ele insiste em dividir nossa população e gerar confusão", disse.

Segundo o governador, os R$ 40,9 bilhões que o presidente diz ter repassado ao estado misturam valores referentes a vários compromissos, inclusive as transferências constitucionais obrigatórias.

"Ou seja: não tem decisão política, é transferência automática, que independe de quem está no comando do Planalto. Se ele quiser usar este número, uma pergunta precisa ser feita: como os gaúchos mandaram R$ 70 bilhões em impostos federais para Brasília em 2020, onde estão os outros R$ 30 bilhões que não voltaram?", questionou Leite durante a live.

Para o governador, "a intenção do presidente é causar confusão. É a narrativa oficial de alguém que quer se esquivar do quadro dramático, pela negação da ciência. Infelizmente, o presidente insiste na divisão, no conflito, no confronto, quando temos um inimigo em comum que é o vírus, e poderíamos ter usado isso como fator de união nacional", finalizou.