Topo

"Agora só vou sair quando me vacinar", diz idosa após pegar covid na igreja

A aposentada Ângela Maria Bezerra e o marido, Jan Carlos Madeiro - Arquivo pessoal
A aposentada Ângela Maria Bezerra e o marido, Jan Carlos Madeiro Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

09/03/2021 04h00

A aposentada Ângela Maria Bezerra, 64, cumpriu praticamente à risca o isolamento social desde março do ano passado, quando se intensificou a pandemia pelo novo coronavírus.

Idosa, hipertensa, diabética, cardiopata e com sobrepeso, ela sabe que integra um grupo de maior risco e se cuidou até onde pôde para não pegar covid-19.

Acabou "furando" a quarentena para renovar sua fé, em uma celebração na Igreja Católica perto de sua casa, em Maceió. Acabou infectada.

No dia estavam três pessoas no banco [onde estava], e teve um rapaz que ficou espirrando muito. A igreja estava fechada, com o ar-condicionado ligado, e tinha muita gente. Era um dia de festa da padroeira.
Ângela Maria Bezerra, que diz ter se contaminado na igreja

A aposentada diz que todos usavam máscaras. Mas Ângela e o marido, Jan Carlos Madeiro, 64, se contaminaram. Tiveram sintomas suaves, não precisaram de internação e já estão curados.

"Graças a Deus, foram casos leves. Eu só saía realmente para ir à missa, não ia mais a lugar nenhum", diz.

Médicos dizem que, além do uso de máscaras, é preciso manter um distanciamento de pelo menos 1,5 metro. Também sugerem evitar locais sem circulação de ar e com aglomerações, onde o vírus pode ser transmitido com mais facilidade.

Demora em fazer o exame

Ângela conta que Jan Carlos é ajudante do padre na paróquia do bairro e estava indo à igreja todos os sábados e domingos. Já ela ia apenas às missas nos sábados.

Na semana da contaminação, que ela estima no dia 13 de fevereiro, estava ocorrendo o evento da padroeira. "Teve missa todos os dias da semana, e depois havia umas confraternizações. Tinha uma barraquinha vendendo comida na saída", diz.

Angela - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Os sintomas começaram a aparecer na quarta-feira, dia 17. Na sexta-feira, as duas filhas ficaram preocupadas e a convenceram a fazer o teste de covid-19.

"Ela estava meio em negação, sem querer achar que podia ser covid. Como estava se sentindo relativamente bem, só com uma leve moleza e pouco catarro, ficou achando que já estava melhor. Só consegui convencer ela a fazer o exame no sábado [dia 20]", afirma a arquiteta Jéssika Madeiro, filha do casal e que mora com eles.

No domingo, foram a um hospital particular, e a médica apontou que a suspeita de covid-19. "Ela disse que era preciso isolamento. Foi quando finalmente ela começou a acreditar. Nós a isolamos em um quarto e colocamos painho em outro —ele começou com uma tosse bem leve na terça à noite [16] e na quarta já havia melhorado."

"No fim das contas, só eles dois pegaram. Painho só teve uma tosse bem leve por uns dias, nada mais. Eu fiz o exame quando ele fez: o dele deu positivo, o meu não", diz Jéssika.

Depois do susto, Ângela afirma que não irá mais sair de casa até que a imunização chegue.

Só vou sair de casa quando eu me vacinar! Acho que as missas não deveriam continuar, porque lá tem ar-condicionado, a igreja é toda fechada. Mesmo com a máscara, a pessoa pega, como eu peguei.
Ângela Maria Bezerra, que diz ter se contaminado na igreja

Com a alta de casos em Alagoas e a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acima de 80%, um decreto estadual, publicado no último domingo, limitou em 30% a ocupação de templos religiosos em Maceió e na zona de mata. Já no agreste e no sertão, onde os números estão piores, eventos desse tipo foram proibidos.