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Onze pacientes morrem à espera de leito de UTI em Taboão da Serra (SP)

A secretária-adjunta da Saúde de Taboão da Serra (SP), Thamires May - Reprodução/TV Globo
A secretária-adjunta da Saúde de Taboão da Serra (SP), Thamires May Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

09/03/2021 09h55Atualizada em 09/03/2021 13h05

A secretária-adjunta da Saúde de Taboão da Serra (SP), Thamires May, disse hoje que onze pessoas com covid-19 morreram à espera de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) entre sexta-feira e ontem. Segundo ela, o sistema Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), de regulação de vagas, está em colapso e desde o dia 3 a cidade não consegue transferir pacientes.

"No momento estamos com 11 pacientes intubados, 16 aguardando transferência via Cross e tivemos 11 óbitos, infelizmente, esses estavam inseridos no sistema aguardando uma vaga de terapia intensiva", explicou Thamires, em entrevista ao Bom Dia São Paulo, da TV Globo.

"Desde o dia 3 não recebemos nenhuma vaga (...) Não contávamos com esse colapso na Cross e isso que tem trazido dificuldades para o nosso município", acrescentou.

Em nota, a secretaria estadual de Saúde informou que é errada a informação de que a Cross negou vagas para Taboão da Serra e que está ampliando o número de leitos no estado ao longo do mês de março. (Veja mais abaixo).

Segundo Thamires, a prefeitura não conta com nenhum leito do estado no município. A secretária afirma que a cidade adaptou leitos para assegurar a ventilação de pacientes, mas não tem condições de dar suporte a casos que necessitam de procedimentos mais complexos, como hemodiálise, por exemplo.

"Precisamos que esses pacientes graves sejam melhor assistidos pelo estado (...) Nosso limite são os respiradores. Nós ampliamos o número, temos dez leitos de suporte respiratório, mas essa semana nós chegamos a 14 pacientes intubados. Em nenhum momento houve uma falha do município. Nós temos um limite em relação ao atendimento e aparelhagem dentro do município. Não conseguimos realizar alguns procedimentos que são realizados apenas em hospitais de alta complexidade", disse ela.

Outro lado

Confira abaixo a nota enviada pela secretaria estadual da Saúde sobre o caso:

É errada a informação de que a Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) negou vagas para Taboão da Serra. Desde 3 de março, houve 144 regulações de diversos perfis de pacientes, incluindo 14 suspeitos ou confirmados de COVID-19. Portanto, a Cross mantém o auxílio em todos esses dias.

Consta na Cross informação de óbito de oito pacientes de Taboão da Serra desde o dia 28 de fevereiro, até ontem. As idades variavam entre 53 e 82 anos, sendo idosos ou pessoas com comorbidades, com pedidos registrados em média 24h antes do óbito. Nessas situações, o falecimento ocorreu não por ausência de medidas pelo Estado, mas pela gravidade clínica dos pacientes. Outros dez pedidos registrados no período ficaram sem atualização por parte do município em período superior a 48h, o que inviabiliza o trabalho dos médicos da Cross.

O papel da Central não é criar leitos, mas sim auxiliar na identificação de uma vaga no serviço mais próximo do paciente e apto a cuidar de seu caso.

O município conta com dois hospitais estaduais de referência para coronavírus: o Regional de Cotia, com 36 leitos de enfermaria e 30 de UTI, e o Geral de Itapecerica da Serra, com 10 de enfermaria e 31 de UTI. Além disso, os cidadãos podem ser atendidos em outros locais, como na Grande São Paulo, que possui mais de 2,7 mil leitos de UTI no SUS. Vale lembrar que o Estado atua de forma regionalizada e a criação de leitos não é prerrogativa desta única esfera, cabendo também ao município e Governo Federal.

A Secretaria de Estado da Saúde está aprimorando a estratégia de gestão de leitos para casos de síndrome respiratória, além de otimizar a rede para garantir assistência.