Topo

Esse conteúdo é antigo

Emocionado, Gabbardo admite gravidade na Saúde em SP: de 0 a 10, nível é 9

Gabbardo elogiou algumas atitudes do novo Ministro da Saúde - ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Gabbardo elogiou algumas atitudes do novo Ministro da Saúde Imagem: ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL

18/03/2021 09h42

João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo, está extremamente preocupado com a situação da pandemia. Ele afirmou que o nível de gravidade da doença, em uma escala de 0 a 10, é "9 e alguma coisa". E se emocionou ao pedir para que as pessoas não façam festas clandestinas, pois elas aumentam casos, internações e óbitos em todo estado.

"Vamos enfrentar números muito altos. Hoje será bem elevado, vamos divulgar. E provavelmente hoje o país tenha número próximo de 3 mil óbitos. É assustadora a velocidade dessa doença", comentou João Gabbardo, em entrevista à CNN Brasil.

Questionado sobre a dificuldade de fiscalizar as festas, Gabbardo admitiu que é difícil controlar tudo, porque as regiões metropolitanas são muito grandes. Ele admitiu a possibilidade de começar a multar quem participa dessas aglomerações. E se emocionou ao "cogitar" um outro tipo de punição.

"Talvez falte multar quem participa das festas. Eu já cheguei a defender que todas pessoas que participam de festas tivessem que ficar em uma hospital acompanhando o dia a dia dos profissionais de saúde. Tenho certeza que, se ficassem, não teriam coragem de fazer aglomeração. Iam identificar a responsabilidade que tem quando transmitem a doença", afirmou ele, começando a se emocionar. "Não queria estar na pele de um jovem que vai em festa e, quando chega em casa, contamina familiares. Esses familiares vão pro hospital e vão morrer. Eu não queria estar na pele de quem tem coragem de fazer isso com familiares. A gente não tem mais o que fazer para essas pessoas receberem as orientações. Passamos o dia inteiro falando isso para as pessoas. Mas as aglomerações não param de acontecer. O que mais a gente pode fazer?", questionou Gabbardo, quase chorando.

Antes, o coordenador executivo até cogitou outras medidas para promover o isolamento social, mas afirmou que dificilmente o governo vai recomendar isso.

"O que podemos fazer é reduzir algumas áreas que estão funcionando, como construção civil e indústria. Mas é complexo. Temos situações na indústria em que, se fábrica fecha, para reativar o forno demora 15 a 20 dias. Isso não deve ser tomado. Fora isso, é reduzir a mobilidade social durante o dia. É fazer com que pessoas fiquem em casa e, para sair, a pessoa vai ter que informar. Mas é uma medida dramática", explicou Gabbardo.

Por enquanto, segundo Gabbardo, o Centro de Contingência prefere esperar os resultados das medidas tomadas durante as últimas semanas, com as mudanças para fases vermelha e depois emergencial. "Precisamos de duas semanas para reduzir casos, três para reduzir internações. E para mortes, mais tempo".

Novo Ministro da Saúde

Gabbardo já fez parte do Ministério da Saúde, no começo da pandemia, mas saiu pouco depois que Luiz Mandetta (DEM) foi demitido. Ele analisou o novo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e mostrou algum otimismo.

"Nesse momento poderíamos buscar entendimento com o Ministério da Saúde. Poderíamos aproveitar a chegada do novo ministro, que falou discretamente de distanciamento social, de lavar mãos e usar máscaras. Já é uma mudança significativa. Quem sabe podemos buscar um entendimento nacional", afirmou Gabbardo.

Uma ideia recorrente do coordenador é parar de reservar as segundas doses de vacina, para acelerar a imunização. Mas isso só pode ser adotado se o Ministério da Saúde recomendar. Gabbardo mostrou esperança de convencer o governo federal a fazer isso.

"Atrasar em uma ou duas semanas a segunda dose não vai trazer prejuízo. E a segunda dose é para aumentar eficácia. Mas com a primeira dose já teremos uma redução de casos, internações e óbitos. Essa medida deveria ser pensada pelo Ministério da Saúde. Os estados não podem fazer isso. Mas o PNI (Programa Nacional de Imunização) precisa fazer isso e tenho certeza que isso será entendido pela comunidade científica", apostou Gabbardo, pedindo depois para o Ministério "esquecer o processo eleitoral e entender o sofrimento das pessoas".