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Com feriados adiantados, SP teve último pico de isolamento em 2020

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 14h05Atualizada em 18/03/2021 17h39

A Prefeitura de São Paulo anunciou hoje o adiantamento de cinco feriados municipais para as próximas semanas com objetivo tentar reduzir a circulação de pessoas na cidade. Em maio de 2020, quando a medida foi tomada pela primeira vez na pandemia, foi a última vez em que a cidade teve pico de isolamento.

No ano passado, formou-se no município um feriadão de seis dias, de 20 a 25 de maio. O domingo (24) registrou 57% de isolamento, última vez com índice acima de 55%. À época foram antecipados pela prefeitura os feriados de Corpus Christi (dia 20) e Consciência Negra (21), quarta e quinta respectivamente, e o governo estadual adiantou 9 de Julho para o dia 25, uma segunda; houve ainda um ponto facultativo na sexta (22)

Nas duas semanas anteriores, os índices na capital paulista já estavam voltando a cair para menos dos 50% ao passo que os casos de covid-19 começavam a explodir. Com a medida, a quarta e a quinta-feira registraram 51% de isolamento e, dos seis dias, só a sexta (22), ponto facultativo, registrou abaixo dos 50% (49%).

Neste ano, serão adiantados dois feriados municipais de 2021 (Corpus Christi, previsto para 3 de junho, e Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro) e três feriados municipais de 2022 (fundação de São Paulo, 25 de janeiro, Corpus Christi e Dia da Consciência Negra). Há ainda a possibilidade da transferência também do feriado estadual de 9 de Julho mais uma vez.

Antecipamos para os dias 26, 29, 30 e 31 de março e dia 1º de abril, juntando inclusive com o feriado nacional que temos dia 2, Sexta-feira Santa. Teremos um prazo que vai do dia 26 até o dia 4 de abril sem dia útil para poder exatamente forçar a cidade de São Paulo a parar"
Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo

Com 88% dos leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) ocupados na cidade, o objetivo da prefeitura é atingir impacto semelhante ao de 2020, equiparando a taxa de isolamento desses dias às médias de final de semana, tradicionalmente mais altas por ter um trânsito muito menor de trabalhadores, e tentar frear essa escalada.

Apesar de a capital estar na fase emergencial do Plano SP, a mais restrita até então, sem o funcionamento de serviços não essenciais, registrou apenas 43% de isolamento ontem. Na segunda (15), foi de 42%. Mesmo na semana passada, quando a cidade já estava na fase vermelha, os índices ficaram entre 40% e 41%.

Se a gente voltar a ter aqueles bons índices de 60% [de isolamento] certamente vai reduzir a quantidade de casos aqui na cidade"
Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo

A expectativa da prefeitura é que haja um período de cerca de dez dias com baixa circulação de pessoas na capital. "Não adianta um feriado de um dia, isolado. Não é isso que vai resolver ou que vai melhorar os índices", disse o prefeito.

Diminuição da circulação para segurar os casos

A Prefeitura espera ainda que a antecipação dos feriados gere uma bola de neve positiva: sem trabalho, há menor circulação de pessoas, que leva à menor transmissão do vírus e ajuda, nas próximas semanas, a diminuir o número de casos e mortes.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, que também participou da entevista coletiva em que o prefeito anunciou a medida, as fases mais restritivas do Plano SP ajudaram, mas a circulação "está muito longe daquilo que nós precisamos", referindo-se aos picos de isolamento em abril de 2020.

Mais do que nunca, precisamos do apoio da população. Não é a hora de cansar, não é o momento de jogarmos a toalha. Pelo contrário, é o momento que, se isso acontecer, todo o isolamento que fizemos de um ano vai por terra abaixo porque as pessoas vão continuar morrendo"
Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde