São Paulo: Covas antecipa feriados, muda rodízio e anuncia mais 640 leitos
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou antecipação de cinco feriados e mudança no rodízio de carros como medidas para tentar conter o aumento no número de casos de covid-19 na cidade.
Além disso, ele afirmou que a cidade vai abrir mais 640 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para atendimento de pacientes com covid-19. Horas antes, o prefeito havia divulgado que foi registrada na cidade a primeira morte de um paciente com covid-19 por falta de vaga na UTI.
Antecipamos para os dias 26, 29, 30 e 31 de março e dia 1º de abril, juntando inclusive com o feriado nacional que temos dia 2, Sexta-feira Santa. Então temos um prazo que vai do dia 26 até o dia 4 de abril sem dia útil para poder exatamente forçar a cidade de São Paulo a parar. A cidade que nunca parou, a cidade que trabalha, a cidade que é a soma dos esforços de vários imigrantes precisa parar para que a gente não tenha mais casos como esse de pessoa que não consegue ser atendida e que vem a óbito por falta de atendimento
Bruno Covas
Na coletiva, Covas explicou que serão antecipados dois feriados municipais de 2021 (Corpus Christi, previsto para 3 de junho, e Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro) e três feriados municipais de 2022 (fundação de São Paulo, 25 de janeiro, Corpus Christi, 16 de junho, e Dia da Consciência Negra, 20 de novembro). Ele afirmou ainda que discute a antecipação do feriado estadual da Revolução Constitucionalista, em 9 de julho.
A medida já foi adotada em julho de 2020. Na época, Covas antecipou os feriados de Corpus Christi e o da Consciência Negra na tentativa de frear o avanço da doença na capital.
Com a nova antecipação, a prefeitura busca reduzir a pressão sobre o sistema de saúde e a circulação de pessoas na cidade. A taxa de isolamento na capital paulista ficou em torno de 45% no início desta semana. A meta é retornar a um índice próximo dos 70% e que as empresas que continuam abertas mesmo com as restrições atuais paralisem as atividades nesses dias. O prefeito ainda não informou se bancos e outros serviços vão aderir ao recesso.
Mudança no rodízio
Quanto ao rodízio, nas próximas duas semanas os horários entre 7h e 10h e das 17h às 20h serão liberados para a circulação dos veículos. O rodízio passará a vigorar entre as 20h e 5h, mesmo horário da restrição de circulação imposta pelo governo estadual. A medida, segundo Covas, é "para que as pessoas possam ter a opção do carro e não depender do transporte público". A mudança entra em vigor na próxima segunda-feira (22).
Assim, os veículos com as seguintes placas não poderão circular no centro expandido nos seguintes horários:
- Placas finais 1 e 2: das 20h de segunda às 5h de terça
- Placas finais 3 e 4: das 20h de terça às 5h de quarta
- Placas finais 5 e 6: das 20h de quarta às 5h de quinta
- Placas finais 7 e 8: das 20h de quinta às 5h de sexta
- Placas finais 9 e 0: das 20h de sexta às 5h de sábado
Segundo o prefeito, a antecipação de feriado e mudança no horário do rodízio não terão impacto na oferta de ônibus na cidade.
Cidade tem 1ª morte por falta de UTI
Hoje, Covas anunciou que foi registrada a primeira morte de uma pessoa com covid-19 por falta de leito de UTI. A vítima foi Renan Ribeiro Cardoso, 22, com comorbidades. Ainda segundo o prefeito, ontem, São Paulo tinha 395 pessoas aguardando leitos de UTI para covid-19 e confirmou a primeira morte entre os pacientes na fila. Hoje, o número subiu para 475
O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, afirmou que "todos os recursos utilizados por nossas equipes foram dados ao paciente". Ele relatou que o paciente chegou ao pronto-socorro no dia 11 e devido à obesidade e problemas respiratórios, foi mantido em observação enquanto aguardava uma vaga na UTI.
"Durante esse período, ele chegou a uma saturação de 77% mesmo com o suporte de oxigênio, e novamente acionamos o Cross (Central de regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) reforçando a urgência", completou Edson. Após conversa com o paciente e a família, foi decidido intubar o jovem. Ele foi levado às 16h20 para a sala de urgência, onde foi sedado e intubado. No entanto, ele não resistiu e entrou em parada cardiorrespiratória, vindo a óbito às 17h19. A vaga na UTI, em um hospital em Heliópolis, saiu 20 minutos depois da morte do paciente.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria Municipal da Saúde, a cidade de São Paulo tem 677.109 casos de covid-19 e 19.849 mortes em decorrência da doença. A taxa de ocupação nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) é de 88% nos hospitais municipais, e de 81% nas enfermarias.
Número de internações em UTIs dobram em três semanas, diz secretário
Não é só a capital que viu o número de pacientes com covid-19 precisando de UTI aumentar. Em uma semana, o estado teve mais 5 mil pacientes com covid internados em UTI. "Há três semanas tínhamos na unidade de internação, especialmente UTI, 6410 pacientes, hoje temos 11.109 pacientes. Em três semanas aumentamos praticamente 5 mil pacientes, o que dá mais de 250 pessoas sendo encaminhadas para a UTI por dia em todo o estado", disse o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn.
"Estamos no momento mais dramático que nosso país vive, o nosso estado e o epicentro que acaba sendo a região metropolitana. Tivemos nas últimas 24h uma média de 600 mortes por dia e, diariamente, uma média de 17 mil casos. Estamos em uma celeridade que nunca imaginávamos ter frente ao covid. A sensação é de um novo vírus", completou Gorinchteyn.
Estado atingiu maior média móvel de mortes diárias
O estado de São Paulo atingiu ontem uma média móvel de 421 mortes diárias pelo coronavírus, a maior desde o início da pandemia no estado. O número leva em conta a média dos últimos sete dias. Foram 617 vítimas fatais da covid-19 em 24 horas.
De acordo com Gorinchteyn, pelo menos 67 dos 105 municípios com vagas para tratamento intensivo já atingiram sua capacidade total.
Em relação à semana epidemiológica anterior, São Paulo também já registra um aumento de 6,9% nos óbitos e 6,4% nas novas internações pela covid. Com os números de ontem, o estado atingiu um total 65.519 mortes e 2.243.868 casos da doença.
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